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quarta-feira, abril 24, 2024

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Especial Transamazônica fatura Esso e Embratel

Os desafios de percorrer os quase cinco mil quilômetros da Transamazônica rendeu à TV Record dois dos principais prêmios de jornalismo do Brasil, o Esso de Telejornalismo e o Imprensa Embratel ? Categoria: Televisão.

Com reportagens de André Tal, produção de Gustavo Costa, imagens de Rodrigo Bettio e edição de Cátia Mazin, a equipe, que contou ainda com o apoio do assistente de câmera Ary Júnior e de três experientes jipeiros da região, percorreu a estrada que corta o Brasil de leste a oeste, ligando Cabedelo, na Paraíba, até Lábrea, no Amazonas.

Em quase um mês conhecendo toda a extensão da Transamazônica, a série de reportagens – que em alguns momentos lembra muito mais um documentário – apresenta no Especial 40 anos – Transamazônica, a estrada sem fim a realidade das cidades, vilarejos, comunidades e, por vezes, moradores solitários na beira da estrada.

E mostra ainda a situação atual da rodovia construída para atravessar o Brasil, e que, quatro décadas depois de sua inauguração, continua inacabada. Foi exibida mais de 1h30 de material, dividido em quatro partes (links no final desta matéria) e apresentadas durante os programas Domingo Espetacular e Tudo a Ver.

Dentre os temas abordados estão histórias de moradores que vivem de atividades como extração de ouro, transporte de madeira, plantação de cacau, além das dificuldades encontradas por profissionais, como caminhoneiros, que enfrentam diariamente os perigos da estrada, e pilotos de avião, que ligam pequenas cidades e vilarejos em aeroportos improvisados no meio da mata.

A série traz ainda as dificuldades e o medo de moradores e defensores do uso sustentável da floresta, que, por sua luta contra os desmatamentos, correm constantes riscos de morte. Além de momentos de tensão, como um acidente automobilístico sofrido pela equipe de reportagem, que caiu em um barranco com o jipe em que viajava.

Em entrevista exclusiva ao Portal dos Jornalistas, André Tal, hoje correspondente da Record na Ásia, baseado em Tóquio, fala sobre os desafios que enfrentaram na produção dessa reportagem.

Portal dos Jornalistas – Quais foram as maiores dificuldades encontradas durante esse período cruzando a Transamazônica?

André Tal – A Transamazônica é uma estrada que assusta pela ausência total de infraestrutura, e pelo calor, poeira e violência. Ao longo da viagem, a gente vai ficando exausto. Mas não podíamos perder o foco, que era contar a história dos personagens dessa parte esquecida do nosso país. Essa é, basicamente, uma terra que foi ocupada por pessoas em busca de uma vida melhor. Gente de diferentes partes do Brasil, disposta a tudo para conseguir o sucesso. O problema é que a ganância de alguns fez com que o entorno da Transamazônica se tornasse uma região perigosa, onde impera a chamada “lei do mais forte”.

PJ – Quanto tempo levou todo o trabalho de apuração e edição do especial?

André – Esse foi um projeto longo, que começou com meses de apuração e produção. Trabalho do Gustavo Costa, que também viabilizou a logística da viagem. Depois, passamos quase um mês na estrada, gravando o que estava pré-produzido e, também, muitas situações e personagens que descobrimos ao longo da viagem. Chegamos na redação com horas de material gravado. Demorou mais de um mês para decupar e editar tudo.

PJ – Como superaram as dificuldades de acomodação, locomoção etc?

André – Essa foi uma parte muito difícil também. Não se encontram hotéis muito confortáveis na maioria das cidades, mas estávamos preparados para isso e nossa energia para fazer um grande trabalho superava essa falta de conforto. Em alguns lugares, não encontrávamos restaurantes. Teve um dia que só comemos pão com ovo e isso porque um senhor se prontificou a nos ajudar. Tínhamos três jipes resistentes. A maior dificuldade na locomoção era a estrada mesmo. Sofremos um acidente perto do fim da viagem. Caímos num barranco, mas, felizmente, ninguém ficou ferido.

PJ – Em algum momento da reportagem vocês sentiram que corriam algum tipo de risco ou ameaça, como por madeireiros, por exemplo?

André – Não chegamos a receber ameaças diretas, mas é claro que estávamos numa região perigosa. Passamos horas acompanhando a rotina de pessoas “marcadas para morrer”, que poderiam ser alvejadas a qualquer momento. Parece exagero, mas o exemplo do casal de extrativistas morto numa emboscada alguns meses depois da gravação mostra que a Transamazônica é um território sem lei. Ficamos chocados com a notícia do assassinato deles. Eram pessoas especiais, que nos receberam com muita atenção. Passamos um dia na casa deles, almoçamos com eles, demos risadas e, quando a conversa ficou séria, acompanhamos o choro de quem sofria constantes ameaças. Eles pediram socorro através da matéria e não foram ouvidos. Espero que o caso deles possa mobilizar a comunidade internacional para diminuir a violência no campo.

PJ – Qual das histórias mais o impressionou?

André – A história que mais me chamou atenção foi a de um homem que vive isolado na floresta. Longe da civilização e de todos. Ele dorme num buraco aberto na terra, coberto com uma lona, cultiva abacaxis e, de vez em quando, vai para a beira da estrada para trocar os abacaxis por alimentos. Ele deve ter sofrido algum trauma porque não consegue formar frases claras. Sempre dizia que tinha sido garimpeiro, que tinha feito muito dinheiro e que tinha sido roubado. Não sei a verdadeira história dele, mas a nossa visita trouxe momentos de alegria, acho. Ele se mostrou surpreso e contente quando conseguimos encontrá-lo no meio da floresta.

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