Boris Casoy

    Boris Casoy nasceu em São Paulo (SP), em 13 de fevereiro de 1941. É filho do casal de judeus russos Isaac e Raiza, que imigrou para o Brasil em 1928. Ficou até os nove anos sem poder andar por causa de uma poliomielite, o que não o impediu depois de crescer forte e chegar a 1m85 de altura. Foi operado de uma perna nos Estados Unidos, em 1950, onde tomou fascínio pela televisão.
     
    Obrigado a trabalhar por causa de um revés financeiro do pai, aos 15 anos conseguiu preencher uma vaga de locutor na rádio Piratininga (SP) e teve sua primeira experiência profissional no plantão esportivo do programa Tarde Turfística, informando os resultados do futebol. Transferiu-se depois para a rádio Difusora Hora Certa (SP), de Santo Amaro, ligado à comunidade japonesa, onde fez locução de comerciais e transmissões esportivas de beisebol. Passou ainda pelas rádios Panamericana (atual Jovem Pan/SP) e Eldorado (SP), onde permaneceu como locutor por sete anos. Teve sua primeira experiência na televisão atuando como repórter do programa Mosaico na TV, feito para a comunidade judaica e apresentado na TV Tupi (SP), em 1961.
     
    Em 1968, foi nomeado secretário de Imprensa de Herbert Levy (1911–2002), então secretário da Agricultura do governo Abreu Sodré (1917–1999) em São Paulo. Naquele ano, a revista O Cruzeiro publicou uma reportagem com líderes estudantis e o apontou como integrante do grupo de extrema-direita Comando de Caça aos Comunistas (CCC). A informação foi rechaçada por ele, que esclareceu ter apoiado o golpe de 1964, mas afirmou que não incentivava ações violentas e que era, portanto, contra as atividades do CCC na universidade que frequentou. Referindo-se ao episódio 20 anos depois, declarou à revista Imprensa (SP) “ter consciência do quanto a imprensa pode estigmatizar alguém. Eu senti isso na carne. E não esqueço”.
     
    Em 1969, quando Herbert Levy foi substituído na Secretaria de Agricultura, continuou a trabalhar com o novo titular, Antônio Rodrigues Filho. Com a eleição de Rodrigues Filho para o cargo de vice-governador de Laudo Natel, tornou-se, em 1970, assessor de imprensa de Luís Fernando Cirne Lima, ministro da Agricultura do governo Emílio Garrastazu Médici (1905–1985). Pôde viajar pelo País e conhecer as capitais, o interior e a região Nordeste. Em seguida, nos anos de 1971 e 1972, foi secretário de Imprensa do prefeito de São Paulo, José Carlos Figueiredo Ferraz (1918–1994). Desiludido com o meio político, quando da exoneração de Figueiredo Ferraz, aceitou o convite de Caio Alcântara Machado (1926–2003) para trabalhar na Alcântara Machado Feiras.
     
    Seu primeiro trabalho em jornal foi na Folha de S.Paulo (SP), em março de 1974. Convidado por Octavio Frias de Oliveira (1912–2007), tornou-se editor de Política do matutino. Em junho, foi promovido a editor-chefe, em substituição a Rui Lopes, que foi transferido como diretor para a sucursal de Brasília. Em uma entrevista de 1995, relembrou que o jornal nesse período era produto de uma reunião entre ele, Cláudio Abramo (1923–1987), Octavio Frias de Oliveira e o filho deste, Otavio Frias Filho: “Durante muitos anos, a gestão da redação, a análise dos problemas, a posição editorial do jornal foram produto dessa reunião que a gente fazia. (…) Eram momentos difíceis, (…) onde o jornal lidou com a própria sobrevivência”.
     
    Ficou na Folha até junho de 1976, quando saiu para dirigir a Escola de Comunicação e o setor cultural da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap/SP). Acerca de sua saída do jornal, declarou, na mesma entrevista de 1995 que “o trabalho tinha-se tornado uma carga muito pesada, para a qual não estava preparado psicologicamente, nem tecnicamente”. Entretanto, retornou à Folha em 1977 e passou a escrever uma coluna sobre os bastidores políticos, intitulada Painel. Em setembro do mesmo ano, tornou-se editor-responsável pelo jornal no lugar de Cláudio Abramo, que saiu após uma crise envolvendo o jornalista Lourenço Diaféria (1933-2008) com a ditadura militar. Assumiu o jornal aos 36 anos, no que classificou como “uma operação de salvamento”.
     
    Convidado pela Jornalistas&Cia a buscar na memória um momento que possa ser definido como o mais importante de sua carreira, lembrou-se de um caso acontecido nessa época. “Recebi do repórter Getúlio Bittencourt uma entrevista com o general Figueiredo feita pouco antes de ele assumir a Presidência. Entre outras coisas, o entrevistado dizia que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro de povo. Getúlio, que tinha memória auditiva precisa, não havia gravado nada. Publicar aquilo na íntegra foi uma decisão solitária e perigosa”, contou.
     
    Permaneceu no cargo até 1984, quando Otavio Frias Filho assumiu a direção. Voltou então a escrever a coluna Painel. Em novembro de 1985, durante um debate político na TV Globo com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, perguntou ao candidato do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Fernando Henrique Cardoso, se ele acreditava em Deus. A pergunta e a resposta, na qual Cardoso teria afirmado que a questão, conforme combinação prévia, não seria levantada, passaram a ser consagradas como fatores decisivos para a derrota do candidato peemedebista para o petebista Jânio Quadros.
     
    Em julho de 1988, convidado pelo diretor do Departamento de Jornalismo do SBT (SP), Marcos Wilson, e pelo diretor-executivo do setor, Luiz Fernando Emediato, deixou a Folha para apresentar o telejornal TJ Brasil. Justificando sua transferência, declarou que “na Folha já tinha feito tudo, tinha batido no teto duas vezes, não tinha nenhum desafio”.
     
    Tornou-se, assim, o primeiro âncora – locutor de telejornais que tem como característica dar sua opinião sobre os fatos anunciados – da televisão brasileira, baseando seu desempenho na experiência dos âncoras americanos. Ao se desentender com Marcos Wilson, que, segundo sua avaliação, desejava frear sua autonomia enquanto editor-chefe do TJ Brasil, desligou o programa do Departamento de Jornalismo do SBT e tornou-o um núcleo independente dentro da emissora. Em junho de 1997 deixou o SBT para comandar o telejornalismo da Rede Record (SP), onde apresentou o Jornal da Record.
     
    Após sair da Record, em 2005, só voltou para a televisão em 2007, contratado pela CNT/TVJB (SP) para apresentar o Telejornal Brasil. Em agosto de 2007, voltou ao jornalismo impresso, escrevendo uma coluna dominical no primeiro caderno e um quadro diário de comentários breves – o Opinião do Boris – no Jornal do Brasil (RJ). Em setembro, porém, rompeu-se o acordo entre a CNT e a Companhia Brasileira de Multimídia (CBM) – empresa que investiu na TVJB –, e os contratos foram cancelados. A coluna no JB foi interrompida em janeiro de 2008.
     
    Em 14 de abril de 2008, foi contratado pela TV Bandeirantes (SP) para comandar o Jornal da Noite, em cuja bancada permaneceu até setembro de 2016. Pelo grupo Bandeirantes, também comandou a programação da rádio BandNews FM. Foi contratado, em outubro, pela RedeTV!, como novo apresentador e âncora do telejornal RedeTV! News.
     
    No telejornalismo marca sua presença por comentários e críticas aos acontecimentos diários e pela criação de bordões como Isto é uma vergonha e É preciso passar o Brasil a limpo.
     
    Possui incrível capacidade de imitar vozes, utilizando-a, eventualmente, para passar pequenos trotes pelo telefone nos coleguinhas mais novos. Mantém uma pequena coleção de aparelhos radiofônicos, entre eles uma cópia do primeiro radinho que teve.
     
    Em 2014 e 2015 foi escolhido entre os +Admirados Jornalistas Brasileiros, ranking elaborado pelo J&Cia e a MaxPress.
     
     
    Atualizado em outubro de 2016.
     
    Fontes:
    Arquivo Jornalistas&Cia
    Entrevista a Dante Mattiussi, Manoel Canabarro e Paulo Markun (revista Imprensa, nº 9)