Felipe Milanez

    Felipe Milanez Pereira nasceu em Porto Alegre (RS), em 1978. Com 14 anos, passou a morar em São Paulo (SP). É formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e mestre em Ciências Políticas pela Universidade de Toulouse (França).
     
    Em Toulouse, influenciado pelas obras de antropólogos como Claude Lévi-Strauss e Pierre Clastres, bem como de sociólogos como Pierre Bourdieu, leu o que pode sobre o Brasil e manteve contato com movimentos ecologistas. Quando voltou ao País, disposto a explorar o tema, foi trabalhar como assessor do consultor jurídico do Ministério da Justiça, em Brasília (DF). Lendo os processos da antiga Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre o contato com os índios Paracanã, manifestou seu desejo de conhecê-los.
     
    Acabou sendo convidado para montar o projeto da revista Brasil Indígena, da Funai, junto com Júlia Magalhães, na gestão Marcio Thomaz Bastos. Começou a fazer expedições em áreas isoladas, onde viviam grupos de diversas etnias. Esteve em áreas de intensos conflitos, onde os índios ainda lutam pela demarcação de terras e sofrem com a invasão de fazendeiros, grileiros e garimpeiros. Percebendo que a maior parte da grande mídia dava voz apenas aos grandes proprietários de terras, decidiu revelar o outro lado da história. Suas matérias, na revista, retratavam índios preocupados com o futuro, desenvolvendo alternativas equilibradas de educação e sustentabilidade.
     
    De volta a São Paulo, em maio de 2007, assumiu como editor na revista Foco Economia e Negócios. Em agosto passou a ocupar o cargo de editor-executivo da publicação. No final de 2008, teve rápida passagem como editor da Sustenta, projeto da CartaCapital em parceria com a Trivela, antes de ser contratado como editor-assistente da revista National Geographic Brasil, da Editora Abril, no mês de novembro.
     
    Trabalhando como colaborador, já havia se destacado por escrever, para a revista Rolling Stones, em 2007, a matéria Faroeste Caboclo, na qual descrevia, em relato na primeira pessoa, como é a vida em Colniza (MT), cidade considerada como a mais violenta do Brasil. Lá, ouviu um madeireiro, procurando intimidá-lo, garantir: “Na Amazônia, terra não tem dono, mulher não tem honra, homem não tem palavra e árvore não tem raiz”. E, também se saíra bem na própria National Geographic Brasil, ainda em 2007, quando fez contato com dois índios que sobreviveram a um genocídio no noroeste do Estado do Mato Grosso e escreveu a reportagem Sombras da Selva, contando como escaparam da tragédia. A matéria foi finalista do Prêmio Abril de 2007.
     
    Voltou a ser finalista da premiação em 2010, com a matéria Calha Norte, Paraíso Intocado, elaborada com o fotógrafo Adriano Gambarini. Em maio de 2010, porém, foi demitido da editora por criticar, via Twitter, a matéria A farra da antropologia oportunista, publicada na revista Veja, que criminalizava a luta dos índios pela delimitação de terras. No período, ocupava o cargo de editor-assistente da NGB.
     
    Preparando um documentário, no final de 2010, teve contato próximo com casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, moradores no assentamento Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna (PA), jurados de morte por carvoeiros e madeireiros na região por suas incansáveis denúncias de desmatamento e grilagem. Eles acabaram sendo mesmo brutalmente assassinados em 24 de maio de 2011. Em Brasília, no mesmo dia, o deputado Sarney Filho, do Partido Verde do Maranhão, interrompeu a sessão da Câmara para comunicar a morte dos ambientalistas e ler a matéria Zé Cláudio e a Majestade, escrita por Felipe Milanez e publicada pouco tempo antes.
     
    Codirigido pelo jornalista mexicano Bernardo Loyola, o documentário Toxic Amazon, sobre o casal, foi exibido em vários países e teve grande repercussão internacional. Por conta dele, Milanez foi indicado ao Prêmio Herói da Floresta, oferecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Ano Internacional das Florestas, em 2011. Não levou, mas teve a satisfação de ver seu documentário exibido aos participantes do júri, que, por sugestão das jornalistas Aline Fonseca e Bárbara Soalheiro, decidiram não levar em conta que apenas concorrentes vivos podiam ser premiados e entregaram troféus especiais à família de José Claúdio e Maria.
     
    Felipe Milanez continua atuando como colaborador de publicações como CartaCapital, Rolling Stones, Trip, Terra Magazine e a americana Vice. Também atua como repórter-fotográfico. Uma de suas reportagens está sendo usada juridicamente em processo que pede o reconhecimento de tribos indígenas da Amazônia.
     
     
     
    Atualizado em Fevereiro/ 2013 – Portal dos Jornalistas
     
    Fontes:
    Arquivo Jornalistas&Cia