Antonio Augusto Amaral de Carvalho, o Tuta, nasceu em 28 de abril de 1931, na cidade de São Paulo (SP), filho do advogado, jornalista, esportista e empresário Paulo Machado de Carvalho (1901-1992).
Aos 18 anos, começou a trabalhar na administração da então rádio Panamericana, PRH7, dirigida pelo irmão Paulo Machado de Carvalho Filho. A emissora fazia parte do Grupo Record – ao lado da Record e da São Paulo –, e mantinha uma programação bastante variada, cujo ponto forte era os programas voltados para as colônias estrangeiras.
Durante a Copa do Mundo do Brasil 1950, já considerado um profissional do ramo, prestes a ocupar o cargo de diretor da casa e cheio de novas ideias de como melhor utilizar o veículo, participou da virada da Panamericana para a cobertura de esportes. O narrador Pedro Luiz foi contratado para ficar à frente da equipe esportiva que, mesmo com a derrota da seleção nacional no jogo final do torneio, deu nova cara à rádio, transformando-a na Emissora dos Esportes. No ano seguinte, com a conquista pelo Palmeiras da Taça Rio – torneio internacional interclubes disputado no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ) –, a emissora muito contribuiu para que a recepção dos atletas no retorno a São Paulo fosse feita por milhares de torcedores.
Em 1953, Tuta foi convocado pelo pai a colaborar para a criação da TV Record, canal 7, a terceira emissora de televisão a ser criada na cidade de São Paulo. Como diretor de externas, foi o responsável por inovações no esporte e no entretenimento que entraram para a história do veículo, como o rodízio de lentes nas câmaras e a transmissão direta de eventos a grandes distâncias. Venceu, de 1955 a 1965, o Prêmio Roquete Pinto, oferecido pelas Emissoras Associadas (TV Record e TV Rio), além de dois Tupiniquim (da TV Tupi, em 1958 e 1959) e dois Governador do Estado (do Conselho Estadual de Cultura do Estado de São Paulo, em 1966 e 1969), sempre como diretor de TV.
Liderou a Equipe A – constituída por ele, Raul Duarte, Manoel Carlos e Nilton Travesso –, produzindo as mais importantes atrações da emissora, como os programas Fino da Bossa, Família Trapo, Show do Dia 7 e Hebe, além dos inesquecíveis Festivais de Música Popular Brasileira.
Na rádio Jovem Pan AM, desde que assumiu o comando da emissora, em 1964, criou um modelo participativo e único, através do envolvimento da informação com o ouvinte, “podendo-se dizer que foi o primeiro passo para o que hoje chamamos de interatividade”, no entender de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Começou aceitando uma sugestão do pai e mudando o nome da emissora, de Panamericana para Jovem Pan, aproveitando o sucesso que então fazia o programa Jovem Guarda, da TV Record.
Convidou Fernando Vieira de Mello (1929-2001) para comandar o departamento jornalístico da emissora, em 1966. Os dois foram responsáveis pela criação dos programas Equipe Sete e Trinta, Jornal da Interação Nacional, Jornal da Manhã e Hora da Verdade, pelas famosas enquetes em períodos eleitorais e por contratar comentaristas em política e economia para participarem dos radiojornais.
Tuta aproveitou, também, a proximidade criada com os grandes nomes da TV Record – como Roberto Carlos, Ronnie Von, Inezita Barroso, Hebe Camargo e Jô Soares – para convencê-los a participar da programação da rádio. Lembrando o tempo da Emissora dos Esportes, reformulou o jornalismo esportivo da Jovem Pan, que logo voltou a ser um dos pontos fortes do veículo, lançando ou promovendo nomes como Joseval Peixoto, Osmar Santos, Fausto Silva, José Silvério, Flávio Prado, Milton Neves e Nilson César. Promoveu campeonatos colegiais de vários esportes, transmitidos pela emissora. Deixou, definitivamente, em 1973, a TV Record. Tornou-se, na mesma época, o único proprietário da Jovem Pan.
Em 1990, foi um dos fundadores da TV Jovem Pan (Canal 16, UHF), investindo na ideia de ali construir uma programação all news. O projeto, no entanto, fracassou por desacordos entre os sócios do empreendimento. Voltou a se dedicar exclusivamente à Jovem Pan. Em 1994, lançou a Rede Jovem Pan Sat, que leva, via satélite, através de seus módulos AM e FM, a programação da casa a todo o território brasileiro, com áudio totalmente digital. Adquiriu, no ano 2000, do Grupo Globo, uma estação de rádio AM em Brasília (DF), transformando-a na rádio Jovem Pan Brasil (o grupo ainda abriga a rádio Jovem Pan Rio Preto, de São José do Rio Preto).
Durante a Copa do Mundo do Japão/Coreia 2002, ousou ao não adquirir os direitos de transmissão, colocar, no horário dos jogos, uma equipe de sete técnicos de futebol para comentar as partidas e convidar o público a ver as imagens pela televisão e ouvir a transmissão da mesa redonda da Jovem Pan pelo rádio. Manteve, assim, a cobertura jornalística do evento e conseguiu boa audiência e patrocínio. Apenas um repórter – Wanderley Nogueira – foi enviado para o local da Copa, e sem credenciais.
A partir de 2006, com José Carlos Pereira, fez com que a emissora passasse a fazer jornalismo e serviço 24 horas por dia, abandonando de vez a programação musical, que continua a ser o forte da Jovem Pan FM, comandada por um de seus filhos, Antonio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha.
Em julho do mesmo ano, criou na Internet o site Jovem Pan Online. Dois anos depois, apostou as suas fichas no que passou a chamar de rádio com imagem, virando televisão na web, superando, assim, uma das maiores deficiências do novo veículo, dando autenticidade ao que é ali veiculado. Convidou Nilton Travesso para dirigir a parte de imagem do site. Com ele, passou a apresentar, na rádio AM, o programa Dois Diretores em Cena, depois do Carnaval de 2011.
Lançou o livro Ninguém Faz Sucesso Sozinho – Bastidores dos Anos de Ouro da TV Record e da Jovem Pan (Escrituras, 2009), escrito com a colaboração de José Nêumanne Pinto e José Carlos Pereira, que levou o Grande Prêmio da Crítica de Rádio 2009 da Associação Paulista de Críticos de Arte (Apca).
Recebeu o primeiro Troféu Ford/Aceesp Especial, em 2010, como homenagem pelos seus, então, 60 anos de Jornalismo. Em 2011, foi também homenageado pela Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), com o Prêmio Ícones da Comunicação, e pelo Centro de Integração Empresa Escola (Ciee), com o Troféu Integração e o Diploma de Responsabilidade pela Educação da Juventude Junto ao Mercado de Trabalho.
Venceu, com Nilton Travesso, os prêmios Marketing Best 2011 e o Especial do Júri 2011, na categoria Rádio, da APCA – os primeiros dos dois veteranos comunicadores como apresentadores de um programa radiofônico. Tuta foi, ainda, escolhido como a Personalidade de Comunicação de 2012, título concedido pelos organizadores do Congresso Mega Brasil de Comunicação.
Em outubro de 2015 a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) em Brasília (DF), homenageou na abertura do 27º Congresso Brasileiro de Radiodifusão Tuta (mais conhecido como Seo Tuta), como o fundador do grupo Jovem Pan. Em decisão unânime, ele foi escolhido pelo Conselho Superior da Abert para receber aMmedalha do Mérito da Radiodifusão por sua contribuição para a história em defesa do rádio e da televisão aberta no Brasil.
No evento Tuta, foi representado pela esposa Margot Carvalho. No entanto gravou em vídeo de agradecimento à entidade, onde conta um pouco de sua história.
Atualizado em outubro/2015 – Portal dos Jornalistas
Fontes:
http://jovempan.uol.com.br/noticias/por-decisao-unanime-seo-tuta-recebe-medalha-do-merito-da-radiodifusao-em-brasilia.html
Livro Ninguém Faz Sucesso Sozinho – Bastidores dos Anos de Ouro da TV Record e da Jovem Pan (Escrituras, 2009)