José Louzeiro morreu na madrugada de sexta-feira (29/1), aos 85 anos, enquanto dormia, em casa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ele morava com uma filha e era acompanhado por cuidadores. Há algum tempo, sofria de diabetes e cardiopatias que o levaram à morte.
Nascido em São Luís do Maranhão, começou, aos 16 anos, como aprendiz no jornal O Imparcial. Radicado no Rio desde os 22 anos, trabalhou em O Jornal, Última Hora, Correio da Manhã, Diário Carioca e revista Manchete, veículos hoje extintos. Durante 20 anos, foi repórter de polícia e, como resultado dessa experiência, passou a escrever romances-reportagens, gênero em que era pioneiro no Brasil. Em São Paulo, esteve na Folha e no Diário do Grande ABC.
Deixou o jornalismo para se dedicar aos romances, tornando-se uma referência para filmes que fizeram sucesso no cinema: Lúcio Flávio, passageiro da agonia, de 1976, e Pixote, a lei do mais fraco, de 1980, ambos sob a direção de Hector Babenco; e O homem da capa preta, de Sérgio Rezende, em 1986, sobre Tenório Cavalcanti. O livro Lúcio Flávio começou a ser elaborado quando Louzeiro recebeu, na redação de O Globo, um telefonema do assaltante de bancos que queria dar uma entrevista. Autor de quase 40 títulos no gênero, destaca-se também Em carne viva, sobre o drama da estilista Zuzu Angel e seu filho Stuart Angel Jones. Foram dez roteiros de filmes.
Um romance-reportagem marcante foi Aracelli, meu amor, em 1973, sobre o assassinato de uma criança, livro proibido pela censura do regime militar, pois o autor concluiu que os culpados eram membros da elite de Vitória, no Espírito Santo. Outra obra censurada antes de ser veiculada, em 1993, quando não havia mais censura no Brasil, foi a telenovela O marajá, com base na vida do ex-presidente Fernando Collor. Foi ainda autor das telenovelas Qorpo santo e Guerra sem fim, para a TV Manchete, e de livros infanto-juvenis, como A gang do beijo.