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quinta-feira, março 28, 2024

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Joaquim Ferreira dos Santos lança biografia de Zózimo

Joaquim Ferreira dos Santos estará nesta quinta-feira (3/11) na livraria Travessa do Shopping Leblon, no Rio (av. Afrânio de Melo Franco, 290, 2º), às 19h30, para autografar seu livro mais recente, Enquanto houver champanhe, há esperança: uma biografia de Zózimo Barrozo do Amaral, editado pela Intrínseca. Com esse título, precisou oferecer um coquetel no lançamento. Zózimo teve, no extinto Jornal do Brasil, a mais respeitada grife do colunismo de sua época, e introduziu no gênero as notícias de bastidores da política, da economia, do esporte. No início da carreira, colaborou com a coluna Swann, de O Globo, espaço não assinado por onde passaram alguns dos principais colunistas do Rio. Convidado pelo JB, em seus tempos áureos, exigiu que a coluna tivesse seu nome, e ali esteve por 28 anos. Voltou ao Globo e levou junto seu prestígio. Joaquim é exímio biógrafo de tipos cariocas que marcaram época – como Antônio Maria e Leila Diniz – além de autor de vários livros de crônicas. Começou no jornalismo como repórter do Diário de Notícias, e ocupou diversos cargos em veículos como Veja, JB, O Dia e O Globo. Com a morte de Zózimo, O Globo descontinuou a coluna que levava o nome dele. Mais tarde, Joaquim ocupou aquele espaço no Segundo Caderno com a coluna Gente Boa, por dez anos. Confira a seguir a conversa dele sobre colunistas com Cristina Vaz de Carvalho: Portal dos Jornalistas – De quem foi a ideia dessa biografia? Joaquim Ferreira dos Santos – Foi do Jorge Oakim, dono da editora Intrínseca, e do Bruno Porto, que era editor naquele momento, em 2013. Foi uma ótima ideia: eu estava saindo do Globo e tinha sido colunista. Ocupei aquele espaço com outro tipo de coluna, mas que não teria acontecido se o Zózimo não tivesse ampliado o interesse da coluna de notas. Portal dos Jornalistas – Você destaca a qualidade do texto do Zózimo. Joaquim – Zózimo reduziu o tamanho das notas – é conhecido como o melhor texto em três linhas. Percebeu que quanto mais rápido, melhor. Por isso as colunas são tão lidas, como um jornal dentro do jornal. Além da concisão, o humor é fundamental. Coluna só de notícia é muito chato. Coluna tem que ter personalidade, senão é papel jogado fora. Zózimo fazia isso: tentava transformar a coluna num papo sem impostação. Gostava do humor, de reproduzir a cena. E teve a vantagem de viver num tempo em que o politicamente correto ainda não era cobrado, porque abusava de notas que tiravam sarro de mulheres, negros, índios. E o limite que ele tinha entre o texto da coluna de notas e o texto da crônica. Zózimo dava furo, se preocupava com hard news, mas para ele cabe o que Manuel Bandeira disse sobre Rubem Braga: um cronista genial, que quando não tinha assunto era mais genial ainda. O livro tem uma grande coleção de frases. Portal dos Jornalistas – Zózimo não tinha um bordão, mas Ancelmo Gois faz notas que ele chama de “à la Zózimo” e começam com: “E Fulano, hein?”. Como aparecem esses maneirismos? Joaquim – Zózimo tinha poucos, principalmente o “hein”. Outro era: “Não será surpresa para esta coluna”. Isso é um truque, todo colunista tem seus truques. Com isso, ele preenchia as três ou quatro linhas que faltavam para completar o espaço. Portal dos Jornalistas – Apesar de ser mais conhecido como cronista, você também foi colunista. Em quê sua trajetória se encontra com a do biografado? Joaquim – Zózimo pegou o espaço de uma coluna social no JB e entrou para fazer um jornal próprio, um texto com muito humor. Antes, as colunas sociais não tinham esse título, mas só falavam de gente fina. Com minha experiência de repórter – sou basicamente repórter de Geral, passei 30 anos fazendo reportagem –, com um acento carioca, chamei a coluna de Gente Boa, gente que fazia alguma coisa pela sociedade, pela comunidade, gente que fazia alguma coisa legal. Sem o Zózimo eu não teria feito essa coluna. Portal dos Jornalistas – Colunista falando de colunismo? Joaquim – Trabalhei dez anos em coluna. Pode ser a tarefa mais fácil ou a mais difícil. O que chegam de pseudonotícias na mesa de um colunista… Já viu o que tem de chef de cozinha nos jornais? Sem um espírito crítico mais aguçado, fazer uma coluna séria, com mix, vários tipos assuntos, fica muito difícil. Noticia boa é aquela que você procura; a que chega tem interesse por trás. Como há uma competição muito grande de bons colunistas, fica difícil conseguir as coisas boas para você. Os jornais criaram um monstro: a expectativa de que a coluna vai dar um furo. Você, com dois assistentes, quer dar furo no jornal inteiro. Portal dos Jornalistas – O que o livro deixou em você? Joaquim – Pena que Zózimo morreu muito jovem, com 56 anos. Era um grande personagem, principalmente no Rio. Sempre conseguia o que mais gostava: tirar um sorriso do leitor todo dia de manhã.

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