Mariza Tavares, diretora executiva de Jornalismo do Sistema Globo de Rádio, deixará a organização no final do mês. Um comunicado interno do diretor-geral Marcelo Soares, na tarde de 11/7, logo circulou entre os profissionais da área e surpreendeu o mercado. Álvaro Oliveira Filho, gerente executivo de Jornalismo, ocupará o cargo até ser definido o novo diretor executivo. Os acionistas procurariam, primeiramente, alguém dentro do grupo, mas parecem estar abertos a considerar profissionais de fora.
Formada pela UFF, Mariza começou na imprensa escrita, de início na Editora Bloch e depois no jornal O Globo. Em 2002, assumiu a direção executiva da CBN. Durante três anos, apresentou o programa Notícia em foco, sobre mídia, e atualmente apresenta, aos sábados, o 50 Mais CBN. É mestre em Comunicação pela UFRJ, tem extensão na Fundação Dom Cabral e MBA em Gestão de Negócios pelo Ibmec.
Conquistou um Prêmio Esso em 1988 e por duas vezes recebeu o Troféu Mulher Imprensa. É coautora dos livros CBN, a rádio que toca notícia, editado para celebrar os 15 anos da emissora, e Manual de Redação CBN, publicado no 20º aniversário. É também autora de dois livros de poemas e três infantis, o último lançado há um mês. Em 2010, representou a CBN na conquista do Prêmio de Veículo do Ano em Sustentabilidade, concedido por Jornalistas&Cia em parceria com o HSBC.
Álvaro é comentarista esportivo da CBN desde 2002. Além da gerência e das transmissões esportivas, vai ao ar duas vezes por dia, de segunda a sexta-feiras, na CBN Rio: às 8h20, no Momento do esporte, e às 11h40, no Toque de letra. É considerado um profissional habilidoso, que conhece bem a CBN.
Mariza, ao que se sabe e que ela própria informou à equipe, já vinha amadurecendo a ideia de deixar a empresa. E se também a empresa tinha esse desejo, o melhor, na opinião de todos, era sair agora em julho, um período mais tranquilo, do que depois, com os três eventos de impacto que deverão sacudir o País: Olimpíadas, impeachment e eleições. Mariza, vale ressaltar, fazia parte do Comitê Editorial, que se reúne semanalmente na TV Globo, com a presença de um dos acionistas da família Marinho. E ali, possivelmente, em uma das reuniões, surgiu um dos atritos que seriam decisivos para esse desfecho, pelo que apurou o Portal dos Jornalistas.
Ela, que era considerada mais poderosa que qualquer diretor-geral, foi questionada pela queda nos índices de audiência, e não gostou. Um salário alto, no antigo padrão do grupo Globo e que não deve permanecer, aliado a um baixo resultado, em termos de audiência, talvez tenham selado sua saída. Mas cortar salários não parece ser a principal questão.
Especialistas entendem que a programação envelheceu – o Jornalismo não dá mais furos – e, para uma rede nacional, precisaria ter um sotaque paulista. Além disso, foi citado que os profissionais do esporte “acham que futebol é o centro do mundo”, e não adequaram a informação esportiva para o transporte, onde o horário nobre dessa mídia – das 6h às 12h – aparece nos rádios do carros ou nos fones de ouvido em ônibus e metrô.
A questão da audiência pesa. O Ibope das FM no Rio, enviado aos assinantes para o último trimestre, mediu mais de 30 mil ouvintes no trânsito para a BandNews FM, com pico de 46 mil ouvintes. Em seguida, vêm a JB FM, com 23 mil; a FM O Dia, com 15,6, e só depois a CBN, com 12 mil ouvintes. A Rádio Globo, com 7 mil, aparece em 9º lugar.
A liderança da BandNews FM é avassaladora; chega, às vezes, a triplicar os índices da CBN. Ao que tudo indica, Ricardo Boechat, com sua pegada aguerrida contra as mazelas da cidade e do País nas manhãs da BandNews, faz uma enorme diferença. O SGR informa, oficialmente, que está definindo uma nova estrutura. Vamos acompanhar.