Nessa segunda-feira (11/3), a redação do Jornal do Brasil parou por 24 horas, por falta de pagamento dos salários. O jornal não circulou na terça (12). A equipe voltou ao trabalho nesta quarta (13), quando o arrendatário da marca JB, Catito Peres, reuniu os funcionários e avisou que o jornal não vai mais circular. Disse que deveriam levar as carteiras de trabalho para dar baixa na quinta-feira (14), e que não há previsão de data para os pagamentos.
O Sindicato dos Jornalistas, que acompanha esse processo, orienta os profissionais a darem baixa na carteira e aguardar o pagamento. Caso este não seja efetivado – como não há prazo – devem entrar na Justiça com ações individuais para receber os atrasados.
Desde o relançamento do JB, Catito Perez previa que a versão impressa daria lugar a uma versão exclusivamente online. Porém, ao que parece, o impresso nunca chegou a alcançar as metas previstas, o que prejudicou os planos iniciais. Com um prejuízo pesado desde outubro, não ocorreu a autonomia com que os administradores sonhavam para deslanchar o online. E não adiantava ficar empurrando.
Clima de velório
Clima de velório foi a expressão usada pelo diretor Gilberto Menezes Côrtes pararesumir o clima do jornal: “Estamos no velório, estamos tristes”. Segundo ele, “é traumático perder velhos companheiros, que fizeram um produto que foi bom. Mas não tenho os recursos de outras editoras, com uma circulação consolidada”.
A direção admite que o desempenho financeiro ficou aquém do previsto: os salários estão atrasados: pagam um pouco, atrasam outro tanto. Até migrar para o online, seria necessário um aporte de capital, que foi consumido com bloqueios por dívidas do antigo dono da marca. Até o dinheiro do Google, que sempre pingava, foi confiscado.
Para o futuro, uma revista de final de semana
Por enquanto, o JB continua no online. Talvez um projeto possível seja uma edição de final de semana, com notícias de sexta-feira a domingo e conteúdo semelhante ao de uma revista semanal, mas ainda em formato de jornal. A redação remanescente vai trabalhar nesse projeto. Serão reaproveitados, não apenas para a edição do fim de semana, mas para “readequar uma série de coisas’.
Entre funcionários da redação e administrativos, cerca de 50 pessoas trabalhavam no JB. Considerando-se apenas o online, que continua no ar, devem permanecer umas 20. Vamos acompanhar.