O jornal O Estado de Minas decidiu em março que não mais publicará, em suas edições impressas e na internet, imagens de autores de massacres ou de criminosos que planejam atentados. Para o jornal, tanto no âmbito nacional quanto internacional, a cobertura de fatos dessa natureza deverá destacar os perfis das vítimas e dar voz aos seus familiares. Também deve enfocar os trabalhos de prevenção e investigação das forças de segurança para impedir a concretização dos crimes que atentam contra a humanidade.
Segundo o diretor de Redação Carlos Marcelo, a ideia surgiu a partir dos massacres de Suzano e Christchurch: “Ficou muito evidente para nós a questão da busca por notoriedade dos autores desses atentados, o que muito nos incomodou. Discutimos na redação como poderíamos mudar o tratamento do tema e levamos a sugestão à diretoria, que a aprovou. Acredito que o jornal tenha sido um dos primeiros do Brasil a adotar essa posição. E houve uma reação bem positiva entre os leitores”.
Segundo ele, em casos específicos, apenas quando houver a avaliação de que é indispensável reproduzir fotos para não haver prejuízo à compreensão da notícia os rostos serão borrados, de tal forma que a identificação visual torne-se impossível. A decisão visa a desencorajar qualquer tentativa de culto à personalidade de responsáveis pelo planejamento e execução de crimes hediondos. “Sabemos que sozinhos não vamos mudar a situação, mas estamos fazendo a nossa parte”.