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sexta-feira, novembro 22, 2024

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Google e Facebook já absorvem quase metade dos investimentos em propaganda

Especial Reino Unido

Luciana Gurgel

Por Luciana Gurgel (https://twitter.com/lcnqgur?lang=pt), especial para o J&Cia

Medidas regulatórias em estudo, por outro lado, podem atingir e acabar cerceando também os canais independentes

Os cenários nada favoráveis para os veículos impressos que vêm sendo projetados aqui no Reino Unido parecem mesmo ser uma tendência irreversível. Desta vez, a má notícia vem da agência Group M, que em seu relatório anual publicado esta semana sobre investimentos em propaganda apontou que a receita publicitária de jornais e revistas não deve alcançar nem os 10% do total do bolo deste ano.

A parcela esperada para os impressos é de 9,3%. Ano passado a verba representou 10,3%, e em 2015 foi de 17%.  A análise aponta que as extensões digitais oferecidas pelos veículos estão ajudando a limitar o impacto da queda, que poderia ser ainda maior sem elas.

Quem está ganhando mais uma vez são as plataformas digitais. A Group M estima que os investimentos publicitários nas empresas de tecnologia ultrapassem 60% do total, sendo que 3/4 apenas para Google e Facebook.

Em números: o total do investimento em propaganda este ano por aqui deverá alcançar £ 21 bilhões. As plataformas digitais ficarão com £ 13,5 bilhões. Google e Facebook colocarão mais de £ 10 bilhões no bolso. TV e rádio vão manter-se estáveis, conforme o documento.

O consumo de notícias por meio de plataformas digitais é expressivo: 44% dos adultos no Reino Unido informam-se por elas, segundo a pesquisa da Ofcom. O Facebook lidera a preferência, com 76%, seguido por Twitter (32%), WhatsApp (22%) e Instagram (21%). Os percentuais ultrapassam 100% porque os entrevistados podiam escolher mais de uma opção.

Controle sobre plataformas digitais – Com o poder crescente das plataformas digitais e mídias sociais, cresce o apoio para a adoção de medidas regulatórias para disciplinar sua atuação. Uma pesquisa do Ofcom, órgão regulador do governo para a imprensa, apontou que 70% dos adultos são favoráveis a essa medida. Foram entrevistados dois mil adultos em fevereiro e março deste ano. Há um ano, esse apoio era de apenas 52%.

A imposição de sistemas de controle, no entanto, não é uma unanimidade. Uma proposta de legislação que está em consulta pública aqui no Reino Unido vem despertando oposição justamente de grupos que pregam liberdade plena de expressão.

Um é o Index of Censorship, que se manifestou junto ao Conselho da Europa contra o documento britânico. O temor é de que a imposição de sanções rigorosas contra as plataformas digitais acabe funcionando como um incentivo para que elas removam o conteúdo independente, comprometendo a livre expressão.

Eles acreditam que se o documento for aprovado no Reino Unido pode virar um modelo para outros países, disseminando o rigor maior sobre canais independentes. Por outro lado, o estudo do órgão regulador britânico apontou que 61% dos adultos tiveram experiências potencialmente negativas ou perigosas com sites independentes e mídias sociais nos últimos 12 meses, principalmente spam e fake news. O desafio é buscar o melhor dos mundos: liberdade de expressão, livre desses problemas. Será possível?

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