Por Álvaro Bufarah (*)
Os audiolivros transformaram rapidamente a indústria editorial, tornando-se um dos formatos mais populares de consumo de conteúdo literário. A crescente adesão ao formato reflete a mudança nos hábitos dos leitores, que buscam opções mais acessíveis e práticas para consumir literatura. De acordo com a Edison Research, em 2024, cerca de 52% dos adultos nos Estados Unidos ouviram pelo menos um audiolivro, totalizando aproximadamente 137 milhões de pessoas.
A tendência de crescimento do setor é evidente. A taxa de penetração de usuários de audiolivros deve atingir 18,7% em 2024 e aumentar para 21,7% até 2029. Em média, os ouvintes consumiram 6,8 títulos no último ano, superando os 6,3 audiolivros de 2023. O mercado infantil também se fortalece, com 53% dos pais relatando que seus filhos escutam audiolivros regularmente. Os Estados Unidos lideram globalmente esse segmento, com uma previsão de receita de US$ 3,4 bilhões até o final de 2024, representando uma receita média por usuário (ARPU) de US$ 5,46.
Um setor em franca expansão
Os dados refletem uma tendência global de valorização das experiências imersivas e práticas na mídia. Em 2020, o mercado global de audiolivros alcançou US$ 1,2 bilhão em vendas, um crescimento de 17% em relação ao ano anterior. Já em 2023, 53% dos adultos americanos ouviram audiolivros, um aumento significativo de 35% em relação a 2022.
Ficção é a categoria mais vendida no formato, respondendo por 64% da receita do mercado. Os gêneros mais populares incluem Ficção Geral (21%), Ficção Científica/Fantasia (14%) e Romance (11%). Além disso, audiolivros de mistério e suspense representam 42% das vendas nos EUA. O público predominante varia entre 18 e 44 anos, correspondendo a 57% dos consumidores desse formato.
Os serviços de assinatura desempenham um papel fundamental nesse crescimento. Plataformas como Audible registram adesão crescente, com 63% dos ouvintes assinando pelo menos um serviço. Paralelamente, aplicativos de bibliotecas digitais também contribuem para a disseminação do formato, com 46% dos ouvintes pegando audiolivros emprestados digitalmente. No entanto, a pirataria ainda preocupa o setor, já que 47% dos ouvintes acessam audiolivros gratuitamente por meio de plataformas como YouTube ou sites de compartilhamento de arquivos.
O impacto da experiência do usuário
A escolha de um audiolivro vai além do conteúdo. A qualidade da narração é um fator decisivo para os consumidores: 64% dos ouvintes acreditam que um narrador de alta qualidade é essencial para uma boa experiência, e 59% afirmam ter abandonado um audiolivro por não gostarem da voz do narrador.
A tecnologia também desempenha um papel importante no setor. A inteligência artificial começa a ser utilizada para a narração de audiolivros, com plataformas como Apple Books e Google Play Livros adotando o recurso. No entanto, a aceitação do público ainda é limitada: 55% dos ouvintes nunca ouviram um audiolivro narrado por IA, e apenas 13% se dizem totalmente abertos à ideia.
O impacto global dos audiolivros
A China é o segundo maior mercado de audiolivros do mundo, seguida pela Europa. Em 2020, mais de 569 milhões de chineses ouviram um audiolivro, mais que o dobro do número registrado em 2016. Na Europa, o setor é avaliado em mais de US$ 850 milhões, com previsão de crescimento de 18,6% ao ano até 2025. A Alemanha lidera o mercado europeu, com 32% de participação, enquanto os países nórdicos emergem como novos centros de expansão do formato.
Os audiolivros também são cada vez mais populares fora do universo anglófono. O conteúdo em outros idiomas já representa 37% do novo material publicado nos EUA, embora ainda corresponda a apenas 4% do valor total do mercado. Essa tendência deve crescer à medida que as editoras expandirem suas produções para atender a um público diversificado.
O artigo sobre audiolivros continuará na próxima semana com mais dados sobre o mercado mundial e detalhes sobre a tecnologia

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.
(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.