Jô Soares

    José Eugênio Soares nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 16 de janeiro de 1938. Filho do corretor paraibano Orlando Soares e de Mercedes Leal Soares, quando criança queria ser diplomata.
     
    Estreou na televisão na TV Rio (RJ), em 1958, participando, como redator e, eventualmente, ator, dos programas Noite de Gala e TV Mistério, este com Tônia Carrero, Paulo Autran e Adolfo Celi. Pouco tempo depois, foi para a TV Continental (RJ), onde escreveu e atuou em programas humorísticos, e começou a participar do Grande Teatro da TV Tupi, ao lado de Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Sérgio Brito e Aldo de Maia, e do programa Câmara Um. Em 1958 também fez seu primeiro papel de destaque no cinema, no filme O Homem do Sputnik, dirigido por Carlos Manga.
     
    Em 1959, realizava entrevistas e fazia humor na TV Continental, nos programas Jô, o Repórter e Entrevistas Absurdas, participando, posteriormente, de O Riso é o Limite, na TV Rio. No teatro, estreou em 1959 como o bispo da peça O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Seguiram-se: Passeio sob o Arco-Íris, de Guilherme Figueiredo, Oscar, de Claude Magnier, Os Rinocerontes, de Eugène Ionesco, O Casamento do Senhor Mississipi, de Friedrich Dürrenmatt, Os 30 Milhões do Americano, de Gladiator Labiche, e Tudo no Escuro, de Peter Schaffer. No cinema, em 1960, participou de Tudo Legal, de Victor Lima. 
     
    Mudou para São Paulo, em 1960, para fazer parte da equipe da TV Record, trabalhando como comediante e autor em diversos programas ? como o Jô Show, no qual era protagonista ?, e como  tradutor e eventual entrevistador no Silveira Sampaio Show, entre 1963 e 1964, sendo também responsável pelas externas. Também traduziu entrevistas no programa da apresentadora Hebe Camargo. O auge de sua passagem pela emissora foi com o programa Família Trapo, que estreou em março de 1967, com texto de Jô e Carlos Alberto de Nóbrega, no qual interpretava o mordomo Gordon, ao lado de Otelo Zeloni, Ronald Golias, Renata Fronzi, Ricardo Corte-Real e Cidinha Campos.
     
    Começou a assinar uma coluna no jornal Última Hora (SP), em 1961, que durou até o empastelamento do jornal em 1964, logo após o golpe militar. Dirigiu as peças A Última Virgem (Os Sete Gatinhos), de Nelson Rodrigues, Romeu e Julieta, de William Shakespeare, O Estranho Casal, de Neil Simon, e Oh, Carol, de José Antonio de Souza. Em 1965, prestou depoimento no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) por participar de reunião de intelectuais em apoio à classe teatral.
     
    Ganhou espaço nas artes plásticas por essa época, quando começou a expor quadros que traziam uma forte influência da Arte Pop e uma boa dose de humor. Autodidata, estreou em 1966, numa exposição individual em São Paulo, e logo ganhou elogios de nomes consagrados como Pietro Maria Bardi e Mario Schemberg. Em 1967, participou da 9ª Bienal de São Paulo. Foi premiado em salões de artes plásticas realizados em Campinas (SP) em 1967 e em 1968. No cinema, participou do filme A mulher de todos, de Rogério Sganzerla, lançado em 1969. Passou a colaborar em O Pasquim (RJ).
     
    Em 1970, convidado por Max Nunes, iniciou a sua primeira passagem pela TV Globo (RJ), onde escreveu e atuou nos humorísticos Faça Humor Não Faça a Guerra, Satiricon, O Planeta dos Homens e Viva o Gordo. Em 1973, estreou o Globo Gente, seu sonhado programa de entrevistas, mas problemas com a censura o retiraram do ar. Dirigiu, coproduziu e estrelou o filme O Pai do Povo, em 1976. No teatro, coescreveu e dirigiu A Feira do Adultério, em 1976, e Brasil, da Censura à Abertura, em 1980. Paralelamente, lotava teatros com seus monólogos Todos Amam um Homem Gordo, Ame um Gordo Antes que Acabe, Viva o Gordo e Abaixo o Regime (1978) e Um Gordoidão no País da Inflação (1983). Participou como ator do filme Cidade Oculta, de Chico Botelho, em 1986. No ano seguinte, fez sua, até agora, última exposição de pinturas, no Rio de Janeiro.
     
    Voltou para São Paulo em 1988 para trabalhar na TV SBT, onde estreou o humorístico Viva o Gordo, e, no ano seguinte, o programa de entrevistas Jô Onze e Meia, misturando jornalismo com entretenimento, no molde dos talk shows americanos, que ficou 11 anos no ar. Foi apresentador do programa de rádio Jô Soares Jam Session, nas rádios Nova Eldorado AM e Eldorado FM (SP) e Jornal do Brasil AM e JB FM (RJ). Em 1990, passou a assinar coluna na revista Veja (SP), onde escreveu por sete anos. No teatro, continuou com seu trabalho de one man show: O Gordo ao Vivo (1988) e Um Gordo em Concerto (1994), que ficou dois anos em cartaz. Em 1995, atuou em Sábado, filme de Ugo Giorgetti.
     
    No ano 2000, retornou à Rede Globo, apresentando o talk-show Programa do Jô, que é retransmitido pela TV Globo Internacional e, por alguns anos, no mesmo horário, pelas rádios do sistema CBN em todo o País. Em 2001, teve pequena participação no filme O Xangô de Baker Street, baseado em livro de sua autoria, dirigido por Miguel Faria Júnior. Em 2003, apareceu nos palcos com a peça Na Mira do Gordo e retomou a atividade de diretor de teatro, com a peça FrankensteinS, baseada em Mary Shelley e Eduardo Manet. Seguiram-se Ricardo III (2006), de William Shakespeare, Às Favas com os Escrúpulos (2007), de Juca de Oliveira, O Eclipse (2008), de Jandira Martini, A Cabra ou Quem É Sílvia (2009), de Edward Albee, e Happy Hour (2009), de Juca de Oliveira.
     
    Em parceria com o músico Billy Forghieri, apresentou o espetáculo Remix em Pessoa, baseado na obra de Fernando Pessoa, em 2007, que chegou a ser levado no Teatro Villaret, em Lisboa (Portugal), e saiu em CD (Sony, 2007). Adaptou e dirigiu, em 2012, a peça O Libertino, de Eric-Emmanuel Schimitt.
     
    É autor dos seguintes livros: O astronauta sem regime (LP&M, 1985), O Xangô de Baker Street (Cia. das Letras, 1995), O homem que matou Getúlio Vargas (Cia. das Letras, 1999), Assassinatos na Academia Brasileira de Letras (Cia. das Letras, 2005) e As Esganadas (Cia. das Letras, 2011). É coautor, com Millôr Fernandes e Luís Fernando Verissimo, de Humor no tempo do Collor (1992, LP&M), e com Roberto Muylaert e Armando Nogueira, de A Copa que ninguém viu e que não queremos lembrar (Cia. das Letras, 1994).
     
    Manteve um blog, o Blog do Jô, alocado no portal gshow.