Decisão gera críticas entre parlamentares Por Kátia Morais, editora de J&Cia em Brasília Apesar de muito barulho da mídia e críticas de parlamentares e de servidores da Casa, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou em 12/3 o Projeto de Resolução (PRC) 11/15, da Mesa Diretora, que permite ao presidente da instituição escolher um deputado para comandar a Secretaria de Comunicação Social. De acordo com o projeto, o posto de titular da Secom, que por mais de 16 anos foi ocupado exclusivamente por jornalistas servidores de carreira, será transformado em diretor-executivo e subordinado à nova estrutura da Secretaria. Durante a votação, diversos deputados criticaram a iniciativa do presidente Eduardo Cunha, afirmando que havia risco de partidarização dos veículos de comunicação da instituição. Esperidião Amim (PP-SC) advertiu: “Se estivesse aí na Presidência um presidente do PT, muitos diriam que se quer aparelhar o sistema de comunicação da Casa”. Chico Alencar (RJ), líder do PSOL, que também é jornalista, disse que a medida é um erro: “Pode desqualificar a Comunicação, um espaço a ser preservado. O nosso temor é que comecemos a selecionar matérias, deixar com medo os servidores, e isso é o fim da democracia”. Para Hildo Rocha (PMDB-MA), a Comunicação é o serviço que mais avançou na Casa. O líder do PDT André Figueiredo (CE) pediu o adiamento da votação por considerar que ela pode abrir um precedente perigoso. “É um cheque em branco para qualquer presidente colocar um deputado que venha a seu serviço”, ressaltou. O presidente Eduardo Cunha rebateu as críticas afirmando que a medida é urgente: “Ninguém está falando de mudança de linhas editoriais, estamos falando de parcerias com tevês legislativas, programação, temas sem cobertura”. Comenta-se que o próximo secretário da Secom será o deputado Cleber Verde, da chamada bancada evangélica. Filiado ao Partido Republicano Brasileiro, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, ele foi um dos apoiadores de Cunha, também integrante da bancada evangélica. Eduardo Cunha manifestou ainda a intenção de contratar uma pessoa de fora do quadro funcional da Casa para comandar a programação da TV Câmara. Jean Willys (PSOL-RJ), igualmente jornalista, denunciou recentemente em rede social que esse profissional seria um dos diretores da Rede Record, também ligada à Igreja Universal. Ele assumiria um cargo Comissionado de Natureza Especial, com faixa salarial em torno de 16 mil reais. Leia mais + Caso SwissLeaks chega à mídia e gera questionamentos + Dança das cadeiras nas afiliadas da Globo + Reportagem da Pública denuncia abuso contra publicitárias no trabalho