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segunda-feira, novembro 25, 2024

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Lima Barreto será o homenageado da Flip 2017

“O Brasil não tem povo, tem público”. A frase, atribuída a Lima Barreto (1881-1922), define bem o impasse midiático na fase em que vive o País

 

* Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de J&Cia no Rio

 

Lima Barreto será o autor homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), de 26 a 30 de julho. Independentemente do cenário político, Joselia Aguiar – que substituiu Paulo Werneck na curadoria da Flip – afirmou que não há mesas previstas para se tratar da crise por que passa o País. Ao apresentar a programação completa da festa, na semana passada (30/5), falou também sobre a dificuldade em levar mais mulheres e autores negros, cuja ausência foi criticada em outras edições. A dificuldade existe mesmo quando o homenageado é um autor negro.

Se fôssemos hoje apresentar Lima Barreto aos leitores, veríamos que ele foi, antes de um expoente da literatura, um homem de jornal e um tipo bem carioca de sua época. Nasceu em 1881, na rua Ipiranga, próximo ao Largo do Machado, filho de pai tipógrafo e mãe professora, ambos filhos de mães escravas e pais portugueses. Apadrinhado por um nobre, o jovem Afonso teve educação esmerada.

Começou a carreira como jornalista por volta de 1903, publicando artigos no Correio da Manhã e no Jornal do Commercio. No mesmo ano, fez concurso público e foi contratado pela Secretaria de Guerra, emprego burocrático que manteve até o final da vida. Em 1907, integrou o grupo de escritores e ilustradores na fundação da revista Fon-Fon. Em 1911, publicou Triste fim de Policarpo Quaresma como folhetim no Jornal do Commercio, pagando depois, do próprio bolso, a edição em livro. Em 1915, iniciou uma longa colaboração com a revista ilustrada Careta, periódico em que ele mais escreveu, às vezes sob pseudônimos. Careta foi importante veículo para a divulgação de suas ideias, como uma visão crítica sobre o regime republicano. Por três vezes, candidatou-se, sem sucesso, à Academia Brasileira de Letras: recusado por duas vezes, desistiu ele próprio na terceira.

Barreto morreu em casa, no bairro de Todos os Santos, em 1922, aos 41 anos, de colapso cardíaco, com o organismo debilitado depois de algumas internações para tratar de alcoolismo e depressão. Foi sepultado no cemitério São João Batista, em Botafogo.

Até 1921, publicou os romances Recordações do escrivão Isaías Caminha, Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sá, Numa e ninfa, Os bruzundangas e trechos do inacabado Cemitério dos vivos. Boa parte de sua obra literária foi publicada postumamente, como Clara dos Anjos, Diário íntimo e parcelas da correspondência pessoal, com base na pesquisa de Francisco de Assis Barbosa nos anos 1950, além de Sátiras e outras subversões, livro organizado por Felipe Botelho Corrêa, mais recentemente.

Na Flip, a Casa Azul, que responde pela organização do evento, atende a imprensa no [email protected] ou 11-3081-6331, ramal 106.

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