* Por Regina Helena Paiva
Em 1956, bem foquinha ainda, fui viajar com meus tios para o Nordeste. Fui de trem, voltei de Ita. Sofri quase tanto como sovaco de aleijado, mas foi ótimo. Uma foca da minha estirpe precisava, mesmo, jogar-se Brasil afora (ou a dentro?), ver o sofrimento do povo, observar de perto a saga dos migrantes, viajar de “trem baiano”, não dormir à noite de tanto balanço na bitola de apenas um metro, sufocar durante o dia com a poeira que o trem jogava no último vagão e pegar tempestade num Ita sem o romantismo de Caymmi cantando “peguei um Ita no Norte e fui pro Rio morar”. Foi uma experiência pra professor algum de jornalismo botar defeito.
O Brasil era, sim, bem pior do que hoje e aprendi lições que serviram para toda a vida. O Prêmio Esso, naquela altura, tinha menções honrosas, e ganhei uma. Guardei o recorte que me dava essa honra, mas cadê ele? Perdi. Nunca mais pude comprovar a tal menção. Mas é o de menos. O bom foi ver de perto o Brasilzão sofrido e mergulhar nele.
Essa história da foquinha que trabalhava em A Gazeta está agora no meu blog.
* Regina Helena Paiva ([email protected]) trabalhou por muitos anos em A Gazeta, de São Paulo, e hoje, aposentada, dedica-se à literatura e a pilotar o blog Escrevinhações da Regina.