Em artigo na Ilustríssima, ele mostra que na própria Folha Haddad teve muito mais noticiário positivo do que Doria
Em artigo publicado no caderno Ilustríssima do último domingo (12/11), sob o título Haddad não admite crítica, o editor executivo da Folha de S.Paulo Sérgio Dávila leva para o jornal texto que ofereceu originalmente à revista piauí, que não o aceitou. O motivo foram os ataques que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad fez à imprensa pelas páginas da revista. Para Dávila, Haddad, ao contrário do que afirma, “foi paparicado pelos jornalistas, mas reclama dos veículos de comunicação por não admitir crítica, própria ou dos outros”.
Chama a atenção no artigo, que ocupa duas páginas do caderno, ser a Folha um dos exemplos dessa relativamente maior paparicação.
Dávila enfatiza que Haddad “deve ter sido o prefeito mais paparicado por jornalistas em toda a história de São Paulo”. E continua: “Isso tem explicação num motivo simples: em seus quatro anos no comando da cidade, o petista governou para uma jovem elite intelectual progressista de esquerda”. E aí justifica: “Posso falar com mais embasamento desta Folha. Em 2014, no segundo ano de governo Haddad, censo interno realizado pelo Datafolha atestou que 55% dos jornalistas da casa se consideravam de esquerda, e 23%, de centro. Indagados sobre como situavam o próprio jornal, 50% o colocavam no centro, e 30%, na esquerda”.
O artigo explicita mais: “A maioria adotava posição liberal em relação a aborto, direitos homossexuais e drogas, em números eloquentemente superiores aos da população brasileira como um todo: 82% a favor da descriminalização da maconha e 96% a favor da união civil entre homossexuais, ante 77% e 39% dos brasileiros, respectivamente. Naquela ocasião, outubro de 2014, foram ouvidos 321 profissionais, numa pesquisa com margem de erro de dois pontos percentuais”.
“Por causa dessas características”, prossegue Dávila, “encontrou terreno fértil nas Redações a agenda ‘São Paulo, Nova Amsterdã’ de Fernando Haddad. Esta teve no biciclecentrismo das ciclofaixas e ciclovias, na valorização do centro pela via da cultura alternativa, na diminuição da velocidade máxima das ruas e avenidas, no pagamento de salário a usuários de crack como tentativa de recuperação e na abertura da Paulista para os pedestres aos domingos suas bandeiras mais visíveis”.
E conclui: “O resultado era palpável nas páginas do jornal, por mais que os profissionais se empenhassem em fazer valer o princípio de apartidarismo que é pilar do Projeto Editorial da Folha. Levantamento feito pelo Banco de Dados em agosto de 2017 dá conta da distorção. Comparou-se a cobertura da Folha dos seis primeiros meses da gestão de Fernando Haddad com a cobertura de igual período da administração João Doria. Em seu semestre inicial, o petista teve 619 menções no jornal. Delas, 443 podem ser consideradas de efeito neutro (72%), 83 de efeito positivo (13%) e 93 (15%) de efeito negativo. O tucano, por sua vez, teve 1.027 menções em seus 180 dias inaugurais, das quais 683 (67%) neutras, 54 (5%) positivas e 290 (28%) negativas”.