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sábado, novembro 23, 2024

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Ivan Proença assume a Presidência do Conselho Deliberativo da ABI

O professor Ivan Cavalcanti Proença, mestre e doutor em Literatura, autor de vários livros nesse campo e também sobre folclore, música e cultura popular, assumiu em 26/10 a Presidência do Conselho Deliberativo da ABI, sucedendo Joseti Marques, que ali estava desde dezembro de 2014 e renunciou em setembro, em função das novas atribuições que assumiu na EBC – Empresa Brasileira de Comunicação, da qual é também ombudsman. Aclamado na reunião, Ivan tomou posse no cargo e imediatamente também na presidência dos trabalhos. Em sua fala inicial, de forma tocante afirmou aceitar a missão com a convicção de que o seu papel é buscar o entendimento entre o Conselho e a Diretoria da instituição, presidida por Domingos Meirelles, tendo como foco o engrandecimento da Associação. Sublinhou a sua trajetória na ABI e ressaltou o papel da entidade na defesa das liberdades e dos direitos humanos: “Gostaria de lembrar que esta é terceira oportunidade que tenho de ocupar um cargo na ABI. Fui presidente do Conselho em um momento muito delicado, quando o este manteve seus questionamentos, alguma oposição em relação àquela Diretoria, porém movido pelo princípio básico que é a união em torno do histórico, do presente e do futuro da ABI. A junção dos três fatores permitiu que a minha gestão fosse tranquila. Maurício Azêdo, como todos sabem, tinha um temperamento ativo, agitado, e, graças a esse temperamento, quase tudo o que ele fez seguiu os princípios democráticos e de defesa dos direitos humanos. Em razão da virtude inabalável de Maurício Azêdo, que muitas vezes se sentou à mesa com ideias diferentes das nossas, mantivemos uma relação cordial e respeitosa. A ABI ganhou muito com esta aproximação e união. Portanto, neste momento desejo que nós nos entendamos e tenhamos a oportunidade do ‘bom combate’, e que este não gire em torno de pequenos desentendimentos… Tenho a certeza de que teremos o apoio da Presidência e da Diretoria para que a ABI acompanhe a OAB, o Clube de Engenharia, o Grupo Tortura Nunca Mais diante de um quadro preocupante. A ABI estará sempre lutando em defesa da democracia e da soberania nacional.” O novo presidente do Conselho Deliberativo cursou a Academia Militar das Agulhas Negras, onde se formou no início da década de 1950. Publicou diversos livros sobre literatura e cultura brasileira, entre eles A ideologia do cordel, Futebol e palavra e O poeta do eu, este sobre o poeta Augusto dos Anjos. Com o golpe militar de 1964, afastou-se do Exército e, em 1965, prestou vestibular para Português/Literatura na Universidade do Estado da Guanabara. Sua saída do Exército se deu devido a divergências com os militares, sendo por isso preso e cassado. Segundo o grupo Tortura Nunca Mais, “no dia 1º de abril de 1964, no Largo do CACO, perto do Campo de Santana, no Rio de Janeiro, estudantes e populares discursavam contra o golpe, quando, reprimidos, fugiram para o interior da Faculdade de Direito. O ataque continuou com bombas de gás lacrimogêneo. Uma fumaça branca saía das janelas de todos os andares. Do lado de fora, metralhadoras apontavam para a porta principal do prédio cercado. Ivan Cavalcanti Proença, então capitão do Regimento Presidencial, no comando dos tanques que vigiavam a Casa da Moeda, foi informado de que centenas de jovens encurralados, sem armas e sem ar, corriam risco de vida no interior da faculdade. Proença cercou quem cercava o CACO e apontou as armas para os golpistas, que fugiram do local. Com os seus soldados subiu as escadas e abriu todas as janelas. Ele sabia que os oficiais direitistas ganhavam a guerra – ele mesmo já havia recebido ordens para se apresentar ao comando do QG. Mas coordenou os trabalhos até o momento em que o último estudante conseguiu escapar. Preso, Cavalcanti Proença foi levado para a Fortaleza de Santa Cruz e, depois, para o Forte Imbuí”. Depois de passar cerca de 50 dias na prisão, lhe foi dada uma chance de perdão, mas queriam em troca seu silêncio diante das atrocidades que viu. Não aceitando, teve seus direitos militares cassados e passou mais de 20 anos sendo perseguido na vida civil. Ministrou aulas na Faculdade de Letras da UFRJ nos anos 1970, na cadeira de Literatura Brasileira, e, a partir dos anos 1980, tornou-se professor titular na FACHA – Faculdade de Educação Hélio Alonso, no Rio de Janeiro, na cadeira de Literatura Brasileira, desenvolvendo pesquisa sobre as produções poéticas populares, entre as quais o cordel e os sambas. Nas palavras de Domingos Meirelles, ”historicamente todos os presidentes do Conselho foram associados que se destacaram em sua vida pessoal, profissional e política, como foi o caso de Barbosa Lima Sobrinho, Prudente de Moraes, neto, e Fernando Segismundo, que antes de presidirem a Casa integraram o Conselho Deliberativo. Desta forma, uma das prerrogativas do cargo é que os candidatos à sucessão de Joseti Marques tivessem perfil semelhante ao dos companheiros que citei e de tantos outros nomes que por aqui passaram. Ivan Proença é um grande intelectual: crítico literário renomado, além de autor consagrado de uma vasta obra sobre o nosso passado recente, e que desempenhou também um papel importante na história político-contemporânea”.

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