O diretor de Redação Gilberto Menezes Côrtes fecha com Octavio Costa para ser editor de Política
Por Cristina Vaz de Carvalho, editora colaboradora de J&Cia no Rio de Janeiro
Está marcado para 25/2, um domingo, o lançamento nas bancas do novo Jornal do Brasil, no formato tradicional, standard. De fato, após o lançamento do impresso, há um prazo de dois ou três anos para migrar para outras mídias. Também o site será muito modernizado. Mais adiante, ainda este ano, haverá a JB-TV streaming.
Hildegard Angel publicou em seu site uma galeria de fotos – em que os novos JB se reúnem no tradicional reduto dos ex-JB, La Fiorentina – com o título: “O campeão voltou”. Gilberto Menezes Côrtes, o diretor de Redação, discorda de tanto ufanismo: “Voltam a qualidade e a credibilidade do JB, mas o projeto não é ambicioso a ponto de achar que vai ser campeão de vendas”.
Seguem alguns trechos da conversa de Menezes Côrtes com Jornalistas&Cia:
Jornalistas&Cia – O que o fez voltar às redações?
Gilberto Menezes Côrtes – Tenho uma história enorme com o JB, não posso perder essa passagem. Fui editor de Economia, editorialista e colunista. Saí de lá em 2001, convidado por Alice Maria para a GloboNews.
J&Cia – Qual a principal diferença do novo JB?
Gilberto – Temos nosso ideário, nosso decálogo: mais transparência nas relações entre o Estado e a sociedade. Vamos atacar muito a falta de clareza nas relações entre o público e o privado.
J&Cia – Como estruturou sua equipe?
Gilberto – Resgatamos quem tem a alma do JB. Depois de dois anos de estudos, Omar concluiu que o JB não morreu na alma das pessoas. No sábado, fechei com o editor de Política: Octavio Costa, sobrinho de Odylo Costa .
O único nome que ainda não escolhemos foi o do editor do Caderno B. Temos sugestões, mas nada fechado. Acho que o B pode atrair várias gerações de leitores. Quero deixar claro: não temos qualquer compromisso de cobrir televisão. Pode ser pretensão minha, mas vejo o B como uma válvula de experimentos, uma lincagem com as novas gerações.
“Matérias que afetam a nossa vida é que fazem uma pessoa ler jornal”
Omar (Catito) Resende Peres não tem ilusões quanto ao futuro do impresso e, por isso, prepara o terreno para a migração total do JB para outras plataformas dentro de algum tempo. Com o relançamento da marca, pretende consolidá-la diante dos leitores. Ele falou a J&Cia sobre o novo Jornal do Brasil:
Jornalistas&Cia – O que o levou a encarar esse desafio?
Omar Peres – Não sou neófito no setor, já tive empresa de comunicação [NdaR: Omar foi dono de uma afiliada da Rede Globo e de um jornal em Juiz de Fora, MG]. Jornal do Brasil está entre as quatro ou cinco marcas mais importantes da imprensa brasileira.
Desde que vendi a empresa, venho observando as mudanças dessa área. Parece que estou na contramão da história, mas é o contrário. A estrutura do passado preconizava uma redação, e mais uma indústria gráfica. Hoje não mais. Por não ser necessário ter uma gráfica, tenho mais tempo para me dedicar ao conteúdo.
J&Cia – Como será essa operação?
Omar – Vai ser impresso e distribuído pelo Globo, que tem esse serviço e faz isso muito bem. Tudo o que não estiver diretamente ligado ao conteúdo, estou terceirizando. Hoje, também existe a possibilidade de grandes parcerias no mundo eletrônico. Não preciso mais ter 15 correspondentes internacionais, como teve o JB. No plano nacional, fiz acordo com a Agência Estado, para o noticiário que não nos afeta diretamente, mas é preciso publicar. No Rio e em Brasília ficam o que é mais importante para nós, a política e a economia.
J&Cia – Em termos editoriais, qual será o enfoque?
Omar – A notícia morreu. Ninguém mais compra jornal para saber o que aconteceu. Por que o jornal impresso não morreu? Por causa da opinião e da credibilidade de quem o faz. As matérias que afetam a nossa vida: isso é o que faz uma pessoa ler jornal. E não estou fazendo um jornal, estou fazendo o Jornal do Brasil!