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domingo, novembro 24, 2024

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Paulo Markun volta a colaborar com a Folha de S.Paulo

Paulo Markun

Com uma reportagem especial sobre envelhecimento, que será publicada na Folha de S.Paulo deste domingo (18/3), Paulo Markun volta a colaborar com o jornal, em que já trabalhou em três oportunidades, a última em 1984/85. Escreverá diretamente de Lisboa, onde passa agora parte do tempo. “Segui os passos do Ricardo Kotscho e volto às ruas”, disse ele ao Portal dos Jornalistas.

Giuliana Miranda continuará enviando notícias para o jornal a partir de Portugal, enquanto Markun vai fazer matérias mais distantes do dia a dia. Ele também seguirá produzindo séries e documentários no Brasil para algumas produtoras.

Um dos fundadores da revista Imprensa, Markun apresentou por dez anos o programa Roda Viva, na TV Cultura de São Paulo. Foi também presidente da mantenedora da emissora, a Fundação Padre Anchieta, e trabalhou nas redes Manchete, Globo, Record e Gazeta, entre outras atividades.

Confira a entrevista:

Portal dos Jornalistas – Qual a sensação de voltar a ser repórter, de voltar à Folha de S.Paulo e de se mudar para Portugal?

Paulo Markun – Penso que nunca deixei de ser repórter. Os documentários, os livros, são reportagens… em outros formatos. Até na Presidência da TV Cultura, certas reuniões me pareciam entrevistas – matéria-prima do repórter. Mas voltar para a rua é muito bom, Mais ainda em Lisboa, onde minha ignorância é um pouco maior. Creio que repórter deve aliar muita curiosidade, pouco preconceito e nenhuma vergonha de perguntar. Portugal ainda tem a vantagem de que a língua é parecida – entendemo-nos, salvo alguns tropeços.

Portal – Aliás, por quê Portugal?

Markun – Estive aqui em 2009 para filmar a série Lá e Cá, coprodução TV Cultura e RTP 2, que dividi com o jornalista Carlos Fino, hoje vivendo em Brasília. O país já me atraiu na época, mas vivia um mau momento. De lá para cá, Brasil e Portugal andaram em rumos distintos. Poder passar boa parte do tempo aqui é uma alegria. Lisboa é uma bela cidade e vive-se melhor e mais barato que no Brasil.

Portal – Pode falar de seu trabalho de estreia e de como será sua nova jornada na Folha?

Markun – Serão reportagens especiais, de temas da atualidade, mas sem a pressão do dia a dia. A primeira é sobre envelhecimento – o maior temor dos portugueses e também objeto de esforços do governo e de entidades privadas. Fui a Gafanha do Carmo, no Norte, onde um Centro Comunitário vem bombando na internet com vídeos e paródias que tem velhinhos de 80, 90 anos como protagonistas. Por aqui bem conhecido, mas ainda pouco divulgado no Brasil. Uma boa história.

Portal – E a próxima reportagem, já está definida?

Markun – Deve ser sobre o movimento das startups, que está mudando a cara de Lisboa e sacudindo a economia de Portugal. O país hospeda até 2020 o maior evento de tecnologia do mundo, a Web Summit.

Portal – Continuará à frente dos documentários e das múltiplas atividades a que sempre se dedicou?

Markun – Claro. Estou finalizando uma série sobre as diretas para o Cinebrasil TV, um documentário sobre médicos cubanos para o cinema e para GloboNews e Canal Brasil e preparando outras séries sobre os protestos de 2013 e sobre envelhecimento. É a vantagem que a tecnologia nos oferece, trabalhar à distância. Nos momentos em que minha presença for necessária no Brasil, é só pegar um voo.

Portal – E Florianópolis, cidade que também sempre foi parte de sua vida, continuará a frequentá-la com frequência?

Markun – Sim. Antes, passava boa parte do tempo em São Paulo, as folgas em Floripa. Agora devo ficar menos em Sampa. Vida lá e cá.

Portal – Um pouco antes, Ricardo Kotscho, agora você… A velha guarda começa a ter novamente vez na atividade-gênese do jornalismo, que é a reportagem? Acha que isso pode instigar outros veículos?

Markun – Li há pouco que o grande repórter Caco Barcellos terá a também veterana Cecília Thompson na equipe do Profissão Repórter. Tomara haja espaço para quem já dobrou o Cabo das Tormentas. Não tem sido a regra, mas espero que os veículos atentem para o fato de que, em outros países, o jornalismo não é território apenas dos jovens. Para alguma coisa deveriam servir os cabelos brancos.

Portal – Como vê o jornalismo atual, sob o impacto das fake news, das redes sociais, da intolerância, da reinvenção dos veículos tradicionais e do surgimento de novos modelos de jornalismo?

Markun – Daria uma longa conversa. Estamos no meio de um processo radical de mudança. Costumo dizer que jornalismo acabou como profissão, carreira, mas não como ofício. O que mais preocupa é esse perigoso casamento de intolerância e mentira. Sob o comando de algoritmos que nenhum de nós sabe exatamente para onde nos levam.

 

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