Por Carolina Fullen, diretora de Inovação e Engajamento da MSL Andreoli, especial para J&Cia
Voltar de um dos maiores eventos de interatividade do mundo e seguir falando de conteúdo continua a parecer um contrassenso. Mas a verdade é que mesmo nas sessões mais disruptivas, sobre AI e machine learning, o SXSW mostrou que é o conteúdo que dará significado às interações humanas. Mas não qualquer conteúdo. A exigência de contexto ficou mais clara do que nunca. Não dá mais para interromper as experiências individuais da audiência, é preciso tornar-se parte da conversa naturalmente.
A premissa parece óbvia – e é: vivemos em um ecossistema baseado em conexões por identidade (nossas redes sociais – virtuais ou não). Se não entendermos a razão pela qual as pessoas se comunicam entre si, não saberemos criar conteúdo de marcas que se conectem às experiências de consumo que queremos criar.
Sem querer tornar simples uma experiência abrangente, aqui vão minhas cinco dicas valiosas coletadas ao longo de mais de 25 sessões sobre como explorar melhor o contexto
- Crie valor – O excesso de informação impacta o processo de decisão. E o desafio é justamente criar conteúdo de marcas que sejam “filtros” inteligentes para as audiências, tornando a interação valiosa. Ou ainda – use os filtros disponíveis com inteligência para fazer seu conteúdo chegar onde quer. Pense na popularidade, por exemplo, do recurso “Explorar” no Instagram.
- Seja visual – Quando palavras não são suficientes, use imagens. E vá além do cada vez mais necessário vídeo. Exemplos: infográficos interativos, um dos grandes trunfos do uso de tecnologia para traduzir conteúdo de dados e torná-lo acessível e, bem, navegável. O Wall Street Journal tem feito isso lindamente em sua seção de gráficos (ex. aqui sobre conselhos das empresas listadas no Fortune 500); e gifs, uma ferramenta poderosa para se conectar com audiências mais novas. O CEO do Giphy teve uma sessão exclusiva para falar dessa linguagem – pode ser um sinal dos tempos;
- Use tecnologia – A Nasa fez uma das melhores palestras sobre o uso de recursos tecnológicos para contar histórias. E, se não havia nenhuma bala de prata ali, trouxe que o aprendizado é pensar além das respostas de sempre para se conectar com a audiência. Se você conhece bem seu público, conseguirá usar melhor a tecnologia que está à disposição – de lives, apps, conteúdos para as plataformas Google (StreetView, por exemplo) etc..
- Comunique de forma única – Não existem mais fronteiras entre as interações pessoais e profissionais no acesso à informação – então a comunicação precisa refletir isso. Estratégias de mensagem e conteúdo, marketing, advocacy, PR etc. precisam ser únicas, guardadas as devidas diferenças entre plataformas. Aliás, na palestra da Nasa a que me referi estavam na mesma mesa representantes de diversas áreas. Simplesmente porque isso cria uma mensagem forte e distinta para o público. As dissonâncias de discurso não podem mais ser toleradas e causam crises nas imagens dos clientes – qualquer crise recente como da United e o caso do cachorro estão aí para comprovar isso.