Felipe Oliveira tornou-se réu por crime de promoção do terrorismo, após se infiltrar em grupos acusados de serem ligados à organização extremista ISIS, também conhecida como Estado Islâmico. Em fevereiro, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, aceitou denúncia do Ministério Público Federal no Paraná, segundo a qual Felipe “ultrapassou o limite do tolerável e promoveu a organização terrorista Estado Islâmico” em mensagens ao grupo. Em 2016, ele havia entrado em um fórum virtual usando um codinome para apurar os métodos de recrutamento de jovens pelo ISIS na Europa. Depois, passou a se comunicar com integrantes de grupos brasileiros simpatizantes da organização terrorista, como um interessado em juntar-se a eles. A apuração rendeu reportagens para a Folha de S.Paulo e para o Fantástico, veiculadas em março e julho de 2016, respectivamente.
O procurador da República Rafael Brum Miron, que assina a denúncia contra o jornalista, considera que ele encorajou o crime por meio de suas mensagens. “O objetivo dele talvez não fosse promover o terrorismo, mas por diversos momentos ele incentivou o ilícito”, afirmou. “O limite em uma investigação desse tipo é não incidir no crime que se está apurando”, disse Miron. Na conclusão do inquérito, o delegado da PF Guilherme Torres afirma que Felipe “não teve a postura esperada de um jornalista, a qual deveria ser somente a apuração dos fatos e, em havendo crime, informar à autoridade competente”.
Em sua defesa, Oliveira afirma que manteve contato com a Polícia Federal desde o início da apuração e repassou a ela informações e conteúdos que recebia por meio dos grupos. “Entrei no grupo em uma quinta-feira e no sábado informei à PF o que estava fazendo”, disse. “Cumpri meu dever de repórter investigativo. Não houve nenhuma outra intenção que não fosse a de divulgar às autoridades e ao público a existência dessas organizações”.*Com informações da Abraji.