Sem aviso prévio aos leitores, a Folha de S.Paulo estreou em 20/4 seu novo projeto gráfico na versão impressa. A mudança veio dois meses depois da mudança visual e tecnológica implantada nas versões digitais.
Segundo o jornal, reportagens, páginas e cadernos ganharam nova lógica e ordenamento no papel: “Texto, imagem e infografia passaram a ser editados com o peso devido, que muitas vezes só o produto impresso – com seu ordenamento lógico, seu prazer tátil e sua comodidade – pode proporcionar”. O projeto foi todo desenvolvido internamente, exceto as tipografias exclusivas Folha Texto e Folha Gráfico, criadas pelo catalão Jordi Embodas.
A reforma também trouxe de volta marcas importantes da história do jornal, como Tec, Agrofolha, Comida, Folhinha, que serão utilizadas sempre que o conteúdo exigir.
Especialistas que o jornal consultou dividiram-se entre elogios ao arejamento do projeto e críticas à falta de âncoras visuais, de hierarquização mais clara do conteúdo.
Embora afirmando ser ainda cedo para uma avaliação mais aprofundada da reforma, também a ombudsman Paula Cesarino Costa, em sua coluna de 22/4, endossou as críticas de leitores: “O que consigo depreender é que o jornal terá mais flexibilidade na edição e que o projeto busca valorizar textos mais longos, estes muitas vezes mero resultado da disposição em sequência de textos antes editados separadamente, com título próprio. A reação imediata dos leitores foi fortemente crítica. A leitura do jornal é um hábito. Alterá-lo é sempre um risco. (…) A situação se agravou porque a Folha não preparou seus leitores e mudou sem aviso prévio. O jornal optou por repetir a estratégia da surpresa, adotada em fevereiro, por ocasião das mudanças visuais das versões digitais. Muitos leitores se sentiram traídos”.
Deve ser a milésima mudança de projeto gráfico da Folha de S. Paulo. Dá até tédio ler alguma coisa a respeito… Sinto dizer que não é isso que vai trazer leitores de volta.