A história desta semana é novamente uma colaboração de Renato Lombardi ([email protected]), comentarista para os assuntos de Segurança e Justiça da TV Record. Viagem a Galápagos Na manhã de uma quinta-feira, Moacyr Castro, que era chefe de Reportagem do Estadão, nos contou que iria fazer uma viagem a Galápagos junto com o escritor Rubem Fonseca e o então presidente da Varig. A viagem seria no sábado. Todos sabiam do pavor que Moacyr tinha de aviões. Mas ele estava disposto a enfrentar. Disse que iria se preparar, tomar remédio e encarar. Afinal, um dos seus sonhos era conhecer as Galápagos (ou Arquipélago de Colombo), um grupo de 58 ilhas, das quais apenas quatro são habitadas, no Oceano Pacífico, a aproximadamente mil quilômetros a oeste da costa do Equador. Algumas horas de voo que Moacyr se propusera a enfrentar. Na sexta-feira, já com o Moacyr em casa se preparando para a viagem, fizemos um bolão na editoria de Cidades. As apostas eram: vai entrar no avião em Congonhas; vai conseguir passar do Rio de Janeiro; ou vai em frente e chega a Galápagos. Apostas lançadas, esperamos pelo sábado, o grande dia. O homem entrou, como dizem em Marília – onde ele conheceu a Teresa Flora e casou –, de “mala e cuia” na aeronave com destino ao Equador, com escala no Rio de Janeiro, onde subiria Rubem Fonseca. Decolagem perfeita, tempo bom, céu de brigadeiro, e o Moacyr até que encarou o primeiro solavanco. Mais alguns minutos de voo e ele começou a sentir tontura, enjoo, a sensação de desmaio. O presidente da Varig, ao lado, tentou confortá-lo. Mas quem disse que aquele jornalista de 1,90 m de altura, ainda de barba preta com poucos fios brancos, respondia. Moacyr ficou paralisado. Não conseguia se mexer na poltrona. O comandante foi chamado por uma das comissárias. E Moacyr continuava paralisado. Apareceu um médico e nada do jornalista melhorar. O voo de 45 minutos até o Santos Dumont foi um martírio. Quando o avião desceu, o comandante disse que naquelas condições Moacyr não continuaria a viagem. O presidente da Varig tentou convencer o comandante, tentou fazer prevalecer a hierarquia, e nada. Moacyr Castro, do alto do seu 1,90 m, continuava imóvel. Precisou ser carregado do avião até o saguão. Em terra firme, começou a melhorar. Passou a sensação de desmaio, voltou a sentir os braços e as pernas. Agradeceu ao presidente da Varig, pediu desculpas por atrapalhar a viagem, e disse que iria para a sucursal do Estadão para se restabelecer porque voltaria de ônibus para São Paulo. E foi o que aconteceu. A cor rosada de sua pele voltou. O levaram para almoçar. No fim da tarde estava de volta a São Paulo num ônibus do Expresso Brasileiro. A maioria ganhou a aposta. Todos sabiam que, apesar de querer muito conhecer o arquipélago, ele não conseguiria viajar. Os mais céticos chegaram a apostar que ele nem entraria no avião em Congonhas. Eu fui um deles. Grande Moacyr, que mora em Ribeirão Preto e continua andando de carro, pilotado pela Teresa Flora. E de ônibus, claro.