Homero Gottardello, editor de Veículos do Hoje em Dia, de Minas Gerais, cobre setor automotivo há 15 anos. Começou a carreira como estagiário no jornal O Debate e depois foi repórter em O Tempo. Está no Hoje em Dia desde 2006, onde também responde pelas editorias de Informática e Gastronomia. Aos 40 anos de idade, ?mas com corpinho de 39?, conforme brinca, é natural de Ouro Preto (MG) e formado em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH). Em entrevista bem-humorada à editora do Jornalistas&Cia Imprensa Automotiva Heloisa Valente, ele fala sobre sua carreira, hobbies e percepção da imprensa automotiva brasileira. Jornalistas&Cia Imprensa Automotiva ? Um carro inesquecível?Homero Gottardello ? Sou apaixonado por automóveis e não foram poucos os supercarros que tive a oportunidade de guiar. Entre os mais legais estão o E63 AMG, da Mercedes-Benz, um sedã de altíssima performance que literalmente arremessa seu corpo para trás a cada acelerada; o F 360 Modena, da Ferrari, porque o primeiro Ferrari a gente nunca esquece; e o New Beetle, da Volkswagen. J&Cia Auto ? Um momento automotivo que marcou sua vida?Homero ? Quando o New Beetle foi lançado no Brasil e a VW enviou um modelo para avaliação. Eu já tinha guiado muitos automóveis, dos populares aos mais luxuosos, mas foi com ele que aconteceu um fato inusitado. Uma semana antes de pegá-lo, eu tinha rodado em um E 500, um sedã grande da Mercedes-Benz, e, sempre que parava no trânsito, via as pessoas me fuzilarem com o olhar. Afinal, um carro de R$ 450 mil rodando em um país como o nosso ainda é motivo de revolta para algumas pessoas. Então, cinco dias depois, paro no sinal a bordo do New Beetle e um garotinho, que segurava a mão do pai, ficou me olhando. Ele puxava o braço do pai, mas ele não dava atenção à criança. Então, antes do farol abrir, o menininho estendeu a mão para tocar o carro, para ver se ele era mesmo de verdade. Passei a reparar que, onde eu parava com ele, as pessoas me olhavam sorrindo. É um carro de alto astral… J&Cia Auto ? Onde iniciou suas atividades nessa área?Homero ? No jornal O Debate, de Belo Horizonte. Não sei se ele existe ainda, mas tinha muita circulação na década de 1960. Quando estagiei lá, já estava decadente. J&Cia Auto ? O que mais o impressiona na imprensa automotiva?Homero ? A subserviência dos profissionais, que são porta-vozes das fabricantes. Não há interpretação, salvo pouquíssimos colegas de profissão. A maioria “trabalha para as fábricas”, como me disse um dia o Carlos Eduardo Ribeiro (ex-diretor da Abiauto). Fico impressionado com a aptidão da classe para a adulação… J&Cia Auto ? Um profissional da imprensa automotiva para homenagear o segmento?Homero ? Modéstia à parte, eu, que, até onde conheço os outros e a mim, sou dos poucos que “não mama na teta da indústria”. Exerço a atividade por amor, e, claro, pelo salário. Costumo dizer que trabalho para o Hoje em Dia e para o Grupo Record, ao qual pertence o jornal. J&Cia Auto ? Livro de cabeceira?Homero ? São vários, leio pelo menos um por semana. Sempre releio Meu Encontro com Marx e Freud, de Erich Fromm, mas nesta semana estou terminando uma biografia do Pink Floyd. Na próxima, retomo uma biografia gigantesca de Charlie Chaplin, que interrompi para ler A História do Mundo em Seis Copos, de Tom Standage. J&Cia Auto ? Time de coração?Homero ? Flamengo, o Mengão! J&Cia Auto ? O que mais gosta de fazer nos momentos de descanso?Homero ? Namorar, ouvir música, ver um filme legal, ir ao teatro, a um show, beber um bom vinho… Gosto de curtir a vida, afinal, acho que só temos esta aqui. J&Cia Auto ? Algum hobby especial?Homero ? Fotografia. J&Cia Auto ? Tipo de música que mais aprecia?Homero ? Basicamente, todos. De Bach a Rage Against the Machine, de Pixinguinha a Van Der Graaf Generator, de Miles Davis a Caetano Veloso. Só não gosto de funk e “breganeja”… J&Cia Auto ? Na televisão, qual programa predileto?Homero ? Só vejo os telejornais. Sinceramente, um filme pornô tem mais conteúdo que os programas da tevê aberta, principalmente se for estrelado pela Alexis Texas… J&Cia Auto ? Quais os jornais e revistas de que mais gosta? E sites especializados?Homero ? Compro a Quatro Rodas e a Autoesporte por obrigação, mas tenho gostado cada vez menos. O melhor site do setor é o Best Cars, do Fabrício Samahá, um dos pouquíssimos profissionais do meio que respeito de verdade. J&Cia Auto ? Um sonho por realizar?Homero ? Viver cada dia melhor, com a patroa (Nicole, com quem caso no final do ano), e continuar trabalhando até o último dia de vida. Já me considero um milionário, um cara muito feliz mesmo. Obviamente que, se pudesse ter um harém, as coisas seriam mais dinâmicas, mas minha mulher já me dá trabalho e amolação suficientes. Gostaria de dedicar mais tempo à caridade, apesar de já fazer minhas doações. Caixão não tem gaveta e espero, mesmo, continuar depurando minha alma – isso, é claro, sem perder o humor…