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quinta-feira, dezembro 26, 2024

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Levantamento da RSF aponta que ataque à imprensa é método no governo Bolsonaro

A Ong Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou em 13/7 a segunda parte de uma série de publicações sobre liberdade de imprensa no Brasil. De acordo com o relatório, foram 21 novos ataques à imprensa por parte do presidente Jair Bolsonaro no segundo trimestre de 2020, totalizando 53 episódios nos seis primeiros meses do ano.

Os casos de assédio e agressão partem não só do presidente, mas também de seus filhos, que ocupam mandatos legislativos, e de ministros. Segundo o documento, pelas redes sociais, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), disparou 43 ataques contra a imprensa; o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi autor de 47; e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi responsável por 63 hostilidades. “O trio ampliou as agressões a jornalistas considerados incômodos demais à família e ao governo”, diz trecho do informe.

O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub e a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, também aparecem no relatório com 16 e 4 ataques, respectivamente. No levantamento da Abraji de autoridades que mais bloquearam jornalistas, uma forma de cercear a liberdade de imprensa, Weintraub aparece em segundo lugar, atrás apenas do presidente.

“No governo Bolsonaro, o ataque à imprensa é método”, afirmou em entrevista à Abraji Emmanuel Colombié, diretor regional da RSF para a América Latina. “A hostilidade propagada por essa rede, que chamamos de ‘sistema Bolsonaro’, tem sérias consequências, porque encoraja apoiadores do governo a fazer o mesmo, multiplicando as engrenagens desse sistema”.

Para Colombié, esses ataques permanentes encontram um eco específico nas redes sociais, nas quais o presidente e seus aliados são particularmente ativos e onde não hesitam em espalhar informações falsas. Ao todo, a RSF registrou 101 ataques diretos a veículos de comunicação no primeiro semestre.

Segundo Marcelo Träsel, presidente da Abraji, o discurso estigmatizante de Jair Bolsonaro e seus apoiadores — aliado a teorias conspiratórias contra a imprensa — legitima as agressões sofridas por jornalistas durante a cobertura de eventos políticos ou da pandemia. “Muitos apoiadores do governo federal têm invadido as transmissões das emissoras de televisão para ofender repórteres ou criticar a empresa para a qual trabalham. Durante os eventos de apoio ao presidente em Brasília e em outras cidades, jornalistas foram agredidos por militantes ao tentar fazer entrevistas ou registrar as atividades”, exemplifica.

Em abril de 2020, a RSF divulgou relatório sobre a deterioração da liberdade de imprensa no Brasil. O país, que ocupava a 105ª posição em 2019, caiu para a 107ª. Para a organização, a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência da República contribuiu para derrubar o país no ranking pelo segundo ano seguido.

(* Com informações da Abraji)

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