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quinta-feira, novembro 28, 2024

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Três novos livros no catálogo de Lúcio Flávio Pinto

Lúcio Flávio Pinto (Crédito: Paulo Santos/Acervo H)

Ao escrever a J&Cia para corrigir um equívoco na divulgação dos rankings dos +Premiados Jornalistas da História, de que teria se aposentado – “Não me aposentei ainda. Continuo alimentando meus quatro blogs” –, Lúcio Flávio Pinto, que se mantém na liderança dos mais premiados da Região Norte, aproveitou para informar sobre os três livros que lançou nos últimos meses, todos em edição do autor: Cabanagem – O Massacre (354 páginas), Memória do Cotidiano, volume 12 (101 págs.) e O Inferno no Paraíso (136 págs.). Ele falou ao Portal dos Jornalistas sobre as obras:

Portal dos Jornalistas – Alguma razão especial para você lançar conjuntamente esses três livros?

Lúcio Flávio Pinto – Não. Minha vida sempre se condicionou pelo acompanhamento das conjunturas, por imposição profissional do jornalismo. Impôs tanto o meu interesse por questões específicas quanto o volume da minha produção. Lançar três livros em sete meses foi um fato aleatório. Produto das circunstâncias que me motivaram a publicá-los.

Portal – Eles são recentes ou foram escritos em épocas diferentes?

LúcioMemória do Cotidiano era uma publicação anual, tendo por base a seção com o mesmo título do Jornal Pessoal. Como o próprio nome deixa claro, é uma história com base nas coleções de jornais. Informações que costumam desaparecer nos arquivos e que coligi, rescrevendo as matérias.

O livro sobre a Cabanagem é produto de uma pesquisa que comecei em 1971. Era para ser uma edição em dois volumes. O primeiro, com a documentação primária sobre a revolta que eclodiu em 1835. O segundo, com a interpretação dos dados primários. Mas como perdi em dois acidentes tudo que escrevera, decidi antecipar o volume documental antes que ampliasse a perda (por causa da minha desorganização e das ondas conjunturais). Não sei quando conseguirei concluir o segundo volume. Se conseguir.

Já o Inferno no Paraíso é a sistematização dos textos que escrevi no meu blog sobre a violência na Amazônia, com ênfase na periferia da região metropolitana de Belém. Foi um projeto que teve o apoio do site Amazônia Real, de Manaus, coisa raríssima nas minhas empreitadas. Mais de 90% dos meus livros foram edições do autor.

Portal – São todos livros-reportagem?

Lúcio – Parte do material tem essa marca. Mas são, sobretudo, livros de jornalismo. Jornalismo que se estende ao trabalho acadêmico, como história, ciência política ou sociologia, em função da minha formação como bacharel em Sociologia.

Portal – Coletâneas de trabalhos que você já publicou ou textos inéditos?

Lúcio – O livro da Cabanagem não só é original como contém uma documentação inédita, publicada pela primeira vez, que existe no Arquivo Público do Pará, em Belém, um dos mais ricos do Brasil em história colonial e imperial. Um livro sobre a Jari, de 1984, também foi de material novo.

Portal – A Amazônia é o palco principal das três obras?

Lúcio – A Amazônia e o jornalismo, conectados ao Brasil e ao mundo.

Portal – Eles foram lançados em versão impressa e digital?

Lúcio – Só em papel. Respeito, admiro e uso do meio digital, mas minha opção preferencial quando se trata de livro é pela versão em papel. Sei que sou uma espécie em extinção, mas capricho para não desmerecer o museu que se interessar por mim.

Portal – Que comparações poderiam ser feitas entre os conteúdos das obras e o momento atual vivido pelo País e pela sociedade contemporânea.

Lúcio – A série de 12 livros sobre a memória do cotidiano, que continua no meu blog, após o fim do Jornal Pessoal, em dezembro de 2019, fundamenta-se na certeza que tenho de que a história aprisionada nas coleções dos jornais deve ser libertada desse confinamento. Mais do que útil, ela é valiosa, se vista com distanciamento crítico, mas respeitando o momento dos acontecimentos.

O livro da Cabanagem apresenta os protagonistas de uma revolta popular que, em choque com a repressão, ocasionou um massacre como não houve igual na história brasileira. Em vez de continuar a tratar os cabanos como um conceito abstrato, no livro eles aparecem conforme foram registrados pelo sistema que os prendeu ou matou. A sobrevivência de uma documentação de tal importância pelos autores do massacre é incrível. Só faltava alguém ler os registros, sistematizá-los e publicá-los. Foi o que fiz.

O Inferno no Paraíso retira a tarja sensacionalista da cobertura da imprensa sobre mortes na periferia da grande cidade e revela os personagens contemporâneos de uma tradição sanguinária e brutal deste país parquidérmico.

Portal – Onde podem ser comprados e quais os valores?

Lúcio – Infelizmente, só estão disponíveis em livrarias e bancas de Belém. Podem ser encomendados à maior delas, a Fox. Dois livros custam 30 reais e o da Cabanagem, o mais volumoso, R$ 50.

Portal – Que outras obras você já lançou?

Lúcio – Sinceramente, perdi a conta. Individuais, certamente mais de 30, sem contar participação em obras coletivas.

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