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sábado, novembro 23, 2024

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História da hanseníase no Brasil será contada em livros e filmes

Para contar a história pouco conhecida da hanseníase no Brasil, marcada até meados dos anos 1980 por truculência, perseguição e horrores, uma equipe de jornalistas e profissionais de cinema está percorrendo as 31 colônias que ainda sobrevivem em 20 estados brasileiros. Do projeto, encomendado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, sairão uma coleção de sete livros, curtas-metragens e um longa. A equipe é coordenada por Vera Rotta, que teve passagens por Caldas Júnior, Secom/PR e Editora Primeiro Plano. No comando do pessoal de filmagem está Caco Schmitt – diretor de Guerra no Garimpo, documentário premiado pela Fenaj sobre a luta dos índios ianomâmi com garimpeiros, diretor e editor de TV Manchete SP, Globo SP e RBS TV –, que também responde pela edição dos filmes. A redação dos livros está a cargo de Leonardo Mourão (ex-Estadão, Veja, Playboy). Já foram feitas entrevistas e filmagens no Pará, Amazonas, Acre e Rondônia. Em dezembro, a equipe passou por sete estados do Nordeste. O restante do País será coberto nos próximos 18 meses. Vale lembrar que de 1924 até os anos 1980 dezenas de milhares de brasileiros vítimas da hanseníase – ou lepra, como a doença era chamada até 1995 –, foram mantidos contra a vontade em hospitais-colônia. Era como se o Brasil vivesse em um estado orwelliano, no qual vigorasse o apartheid. Médicos, vizinhos e até familiares denunciavam quem tinha a doença às autoridades, que os caçavam e levavam, quase sempre apenas com a roupa do corpo, para os hospitais-colônia. Nem mesmo as crianças eram poupadas. Havia cercas de arame farpado, seguranças internos, prisões e castigos para os desobedientes. Dali só se podia sair com autorização por escrito e hora marcada para voltar. Quem fugia era caçado pela polícia sanitária ou comum, levado de volta à força e ia para o xadrez. Os filhos de mães doentes que nasciam nas colônias eram retirados no momento do nascimento e enviados para orfanatos. A maioria nunca mais tinha notícia dos filhos, ou estes, dos pais. Hoje a hanseníase é completamente curável e não há mais a internação compulsória. A maior parte dessas antigas colônias transformou-se em hospitais. Mas há ainda dores não esquecidas, injustiças irreparáveis e histórias para contar, que o projeto tentará resgatar.

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