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sábado, novembro 23, 2024

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Memórias da Redação ? Agruras de um assessor de imprensa

Luiz Roberto Souza Queiroz, o Bebeto ([email protected]), traz essa semana alguns casos do fundo do baú, dois dos quais agora publicamos.   Agruras de um assessor de imprensa          “Eu não mando nada no Zoológico, mas se fosse diretor, juro que ponhava dois ou três índios numa jaula, que havia de atrair muita gente”. A frase, dita por um tratador do Zoo de São Paulo para um repórter da Folha, quase custou a cabeça deste então assessor de imprensa da instituição.          Corria a década de 1960. Alguém teve a ideia de incluir índios xavantes na São Silvestre e um magote deles foi levado a conhecer o Zoológico, é claro que acompanhado por vários “coleguinhas”. Impressionados, os índios discutiram como seria difícil abater um elefante com flechas, qual o ponto mais vulnerável do rinoceronte. O repórter da Folha chegou atrasado, depois que a visita havia terminado. Para não perder a matéria e na ausência do diretor do Zoo, dos diretores e mesmo do assessor de imprensa, pegou um tratador semialfabetizado – um dos ex-presidiários a que o Zoo dava emprego por ordem do governador –, e mandou ver na entrevista. O tratador contou mal e mal o que os índios tinham dito e, sobre o que achou da visita, saiu-se com a frase politicamente incorretíssima, em que explicava que fosse diretor, incluiria entre os animais expostos alguns índios, receita certa para atrair grande número de visitantes. Quando a informação da entrevista chegou à sala do diretor Mário Autuori, mandou me chamar de imediato e recebi a incumbência de convencer o jornal a não publicar a entrevista, dada por pessoa não autorizada, que não representava o pensamento do Zoológico, que daria uma impressão errada da seríssima instituição etc.. Foi dureza, mas o chefe de Reportagem entendeu e a notícia jamais foi publicada. Projeto de urubuservação          Ainda no Zoológico – assessoria tão complicada que quando me perguntavam o que eu fazia minha resposta é que fora contratado para substituir o gorila nas folgas dele –, criou-se um problema quando dezenas de urubus descobriram que alimentávamos com sardinha fresca as garças, colhereiros, socós e tuiuiús.          Depois de um tempo havia mais urubus do que cisnes e garças nos lagos do Zoo. O chefe do Setor de Aves, Werner Bokerman, mandou construir uma arapuca tamanho família, capturava urubus em quantidade, e o caminhão que ia a Araçoiaba pegar capim e cana para os elefantes passou a levar cargas de urubus, que eram anilhados e soltos perto de Sorocaba. O anilhamento era para verificar se os bichos venceriam ou não os 80 km e voltariam ao Zoológico, o que por sinal alguns fizeram.          Entusiasmado e assessor de imprensa foquinha, preparei um release contando a história e sapequei o título: Zoológico inicia projeto inédito de urubuservação          O release, é claro, não chegou a ser distribuído.

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