A história desta semana é mais uma colaboração de Luiz Roberto de Souza Queiroz, o Bebeto ([email protected]), e novamente uma da época em que fazia assessoria para o Zoológico de São Paulo. Bolo-formiga para tamanduá Era o aniversário do Tatá, o primeiro tamanduá-bandeira criado em cativeiro. Como é comum entre animais de zoológico, a mãe deu à luz o tamanduazinho e o abandonou, mas a equipe da Divisão de Mamíferos extraiu umas gotas de leite da tamanduá-fêmea – o que já é um feito, dada a ferocidade do bicho, cujas garras são mortais –, examinou os componentes do leite e resolveu fazer uma espécie de leite artificial de tamanduá. Se bem me lembro, o produto final levava gema de ovo, farinha láctea, vitaminas e era quase uma papa, de tão denso. Mas o fato é que o tamanduazinho aceitou o tal leite oferecido na mamadeira, aceitou como substituto da mãe verdadeira um ursinho de pelúcia, com o qual vivia agarrado, e cresceu saudável. Quando Tatá fez um ano de idade, uma veterinária resolveu promover uma festinha de aniversário, reunindo no pátio atrás da Administração do Zoo vários ‘convidados’: a Tiririca, um filhote de jaguatirica, que pelo visto não entendeu bem o espírito da festa; um tamanduá-colete também filhote, encontrado junto à mata da Via Anchieta; e um ou dois macacos-prego. Para a comemoração, foi preparado um “bolo-formiga”, em que as formigas eram representadas por confeito de chocolate, aquele que vai sobre o brigadeiro e, é claro, o bolo era para os funcionários, não para os bichos. Como assessor de imprensa, achei uma oportunidade única para uma coletiva, na qual o diretor do Zoológico explicaria a importância da pesquisa que levou ao preparo do leite, matéria com a qual eu pretendia mostrar o Zoo como instituição científica e não como “prisão de animais”, como era apresentado pelos ecochatos de plantão. Tudo deu certo, a entrevista ia muito bem, até que um fotógrafo pediu que acendessem a velinha do bolo, mesmo sabendo que Tatá, com sua boca em forma de funil, não conseguiria apagar. Deu xabu. O tamanduá se assustou, deu um salto, deitou de costas em posição defensiva, estendendo as garras para a calça do fotógrafo – do Jornal do Brasil, se bem me lembro –, que para escapar deu um passo para o lado, pisou no bolo, escorregou e caiu ao lado da Tiririca, que deu um miado e entrou na festa, começando a arranhar todo mundo e também a lente da máquina fotográfica, no chão. Os macacos guinchavam e, com o bolo pisado e os bichos assustadíssimos, a festa….e a entrevista, tudo acabou.