A Rede Globo desligou José Hamilton Ribeiro, de 86 anos, mais de 40 deles na emissora, com passagens por Fantástico, Globo Repórter e Globo Rural; e Eduardo Faustini, o “repórter secreto” do Fantástico. Segundo apurou o Splash (UOL), os desligamentos foram amigáveis e de comum acordo, causando comoção na emissora.
O primeiro trabalho de José Hamilton na Globo foi como freelance, em 1981, em reportagem para o Globo Rural, no primeiro ano de existência do programa. Um ano depois, passou a integrar a equipe fixa da atração.
Em mais de 60 anos de jornalismo, foi responsável por reportagens marcantes, como Trilha da Onça, Um passeio pelo Vietnã, O ciclo do tropeirismo, O trabalho dos índios bakairis e uma investigação científica no Rio Paraguai. Em 1960, perdeu a perna esquerda após pisar em uma mina terrestre durante a Guerra do Vietnã.
José Hamilton costuma dizer que aprendeu três coisas ao longo da carreira: “Primeiro, azeitona preta é tingida; segundo, nos banheiros, em geral, a torneira quente é a da esquerda; terceiro, de ovo de cobra não sai canarinho. O resto eu aprendo todo o dia”.
Em 2006, recebeu o Prêmio Maria Moors Cabot, da Universidade de Columbia, na categoria Outstanding on Latin America, que homenageia profissionais comprometidos com a liberdade de imprensa.
Vale lembrar que José Hamilton tem uma importância enorme na existência deste Portal dos Jornalistas e da newsletter Jornalistas&Cia. Ele teve a ideia de criar, em 1991, a coluna Moagem no jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, sobre o vaivém profissional, escalando para a tarefa o então colega Eduardo Ribeiro, diretor deste Portal dos Jornalistas. A coluna permaneceu ativa por 21 anos e tornou-se o FaxMOAGEM, que posteriormente acabou virando o Jornalistas&Cia.
“A família cresceu, com o Portal, os prêmios, o MediaTalks, entre outras iniciativas, mas a origem nunca será por nós esquecida”, disse Eduardo Ribeiro. “Zé Hamilton, por muitos anos o mais premiado jornalista brasileiro e hors concours no Ranking dos Mais Premiados Jornalistas do País, organizado pelo J&Cia e Portal dos Jornalistas, foi a razão da nossa existência e seremos a ele sempre gratos. Não só nós, mas o próprio mercado, já que é para este que trabalhamos. A propósito, o último prêmio concedido a Zé Hamilton, na Globo, foi nosso: o Troféu Hors Concours de Mais Admirado Jornalista da Imprensa do Agronegócio. Bem, quem quiser contratar o maior repórter da história do jornalismo brasileiro, agora pode. Ele está com o passe livre”.
Já Eduardo Faustini, o “repórter secreto” do Fantástico, estava na Globo desde 1996. Ele nunca exibiu seu rosto nas câmeras para preservar sua integridade física por causa das denúncias e reportagens investigativas que fazia.
Suas reportagens resultaram na prisão de Hildebrando Pascoal, ex-coronel da PM, acusado de comandar grupos de extermínio. Também denunciou corrupção explícita por parte de fornecedores da Prefeitura de São Gonçalo (RJ), e casos de corrupção em Rondônia.
No especial Diário de uma guerra suja, mostrou a luta entre policiais e traficantes do Rio de Janeiro. Em 2014, estreou a série de reportagens Cadê o dinheiro que estava aqui?, no Fantástico, na qual investigava denúncias de desvios de impostos.
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