Em protesto contra a violência contra jogadores e supostos casos de fake news, o Corinthians emitiu nesta sexta-feira (22/4) uma nota comunicando que promoverá, até as 10h da próxima segunda-feira (25/4), um “apagão de informações” em sua área de Comunicação. A decisão faz parte de um posicionamento do clube paulista contra os recentes casos de ameaças a jogadores do clube, e a disseminação de ódio e fake news nas redes sociais.
Na prática, o clube interromperá nesse período todo tipo de Comunicação, incluindo as relacionadas ao contato com jornalistas, uma vez que a imprensa também foi alvo das críticas do clube. “Da imprensa, cobraremos que se mantenham fieis aos seus princípios, mesmo que a tecnologia continue a revolucionar os hábitos da informação”, destacou um vídeo sobre a ação publicado nas redes sociais do clube.
#FutebolSemÓdio. pic.twitter.com/zwI4NBbAmu
— Corinthians (@Corinthians) April 22, 2022
No caso do embate com os jornalistas, a queixa do clube diz respeito a uma polêmica envolvendo um suposto caso de racismo e segregação que teria ocorrido na área nobre da Neo Química Arena, em jogo realizado no dia 13 de abril, contra o Deportivo Cali, pela Libertadores.
Na ocasião, o clube foi acusado de barrar dois menores desacompanhados que tentavam entrar para assistir a uma partida apresentando ingressos inválidos. Mesmo esclarecendo o ocorrido, o clube criticou as publicações que deram coro à denúncia antes de o caso ter sido esclarecido.
“O ‘apagão de comunicação’ do Corinthians atinge também a relação dos jornalistas com a assessoria do clube. Nem por mensagens teremos contato”, explicou o repórter Tiago Salazar, da Gazeta Esportiva, que destacou ainda o fato de o clube jogar um importante clássico neste sábado, contra o Palmeiras.
O "apagão de comunicação" do Corinthians atinge também a relação dos jornalistas com a assessoria do clube. Nem por mensagens teremos contato. Portanto, creio, a lista de relacionados para o Derby não será divulgada. O pós-jogo deve ter apenas a entrevista coletiva de VP.
— Tiago Salazar (@TiagoSalazar) April 22, 2022
Vale lembrar que é o segundo caso de atrito entre um clube paulista e a imprensa nos últimos dias. Depois de ficar incomodada com uma crítica do jornalista Juca Kfouri, do UOL, a diretoria do Santos proibiu o credenciamento de jornalistas do portal para a cobertura da partida contra a Universidade Católica de Quito, também realizado em 13 de abril, na Vila Belmiro, pela Copa Sul-Americana. Na ocasião, diversas entidades criticaram a postura do clube praiano.
Confira a nota na íntegra:
“O Sport Club Corinthians Paulista entra nesta sexta-feira (22) em uma das causas mais importantes de seus mais de 111 anos de história. O clube do Parque São Jorge vai se posicionar contra o clima de violência no ambiente do futebol e a disseminação do ódio e das fake news nas redes sociais por meio de um apagão de comunicação. Nenhuma postagem será feita pelas redes sociais do clube e nenhuma ação de comunicação será realizada entre as 10h desta sexta-feira (22) e as 10h da próxima segunda-feira (25).
Esta medida visa a conscientizar a fiel torcida e a sociedade em geral a respeito do discurso de ódio, tornando o debate do futebol especialmente tóxico e chegando ao extremo do risco físico e trauma psicológico para os profissionais do esporte – atletas ou não – e suas famílias.
Além disso, não deixamos de notar que há quem aproveite o estado de permanente indignação para monetizar a repercussão de fake news, seja nas redes sociais ou em parte da imprensa tradicional, como se viu na semana passada, quando a operação de nosso estádio foi acusada de racismo ao cumprir a lei e barrar dois menores desacompanhados que tentavam entrar para assistir a uma partida apresentando ingressos inválidos.
“Não podemos mais permanecer imóveis diante de um contexto que ameaça todos os clubes e jogadores. É preciso que a sociedade reflita sobre qual futebol quer para si, para suas famílias, para o presente e para o futuro”, afirma Duilio Monteiro Alves, presidente do Corinthians.
Recentemente, os jogadores Cássio, Gil, Willian e Paulinho e seus familiares foram expostos a ameaças feitas por torcedores, fato que se repetiu em outros clubes. Esse ódio também se estende a dirigentes, árbitros e jornalistas, o que mostra a urgência de abordar o tema e enfrentar a situação de forma efetiva e abrangente.
Esta primeira medida do Corinthians será seguida por outras que envolverão todas as diretorias e todo o ecossistema do clube, de forma que imprensa, influenciadores, usuários e empresas de redes sociais também se engajem no necessário debate por um ambiente saudável para a prática, a vivência e a paixão pelo futebol profissional, dentro do espírito esportivo e democrático que guia o Corinthians desde sua fundação.”