O julgamento dos cinco réus acusados de matar o radialista esportivo Valério Luiz, em 2012, foi adiado pela terceira vez em Goiânia. Segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), o adiamento ocorreu após a defesa de um dos acusados, Maurício Sampaio, ex-presidente do Atlético Goianiense, abandonar o plenário. O júri foi remarcado para 13 de junho.
Os advogados de Sampaio alegam que o juiz Lourival Machado da Costa não é imparcial, destacando que o magistrado já deu declarações contra o cartola e já foi advogado em um processo contra ele. De acordo com o Tribunal de Justiça de Goiás, por deixar o plenário a defesa de Sampaio foi multada em cem salários mínimos, o equivalente a aproximadamente R$ 121 mil.
Valério Luiz foi morto a tiros em 5 de julho de 2012, aos 49 anos, em Goiânia. Ele estava dentro do carro, saindo da rádio em que trabalhava, quando foi baleado por um motociclista. Após investigação, a Polícia Civil indiciou por homicídio, em fevereiro de 2013, quatro pessoas além do ex-presidente do Atlético-GO Maurício Borges Sampaio: Urbano de Carvalho Malta, funcionário de Sampaio; os policiais militares Ademá Figueiredo e Djalma da Silva; e o açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier. Um mês depois, o MP-GO denunciou os cinco pelo mesmo crime. A denúncia afirma que o assassinato foi motivado por críticas à diretoria do Atlético Goianiense na época.
Após várias etapas na justiça, o juiz Lourival Machado da Costa assumiu o caso em 2020 e marcou o julgamento para 23 de junho daquele ano, que precisou ser adiado em decorrência da pandemia de Covid-19. Em novembro de 2021, o julgamento foi remarcado para 14 de março de 2022. Porém, o advogado que representava Maurício Sampaio havia desistido da defesa, e, portanto, ele não poderia ser julgado. Então, o julgamento foi novamente adiado para 2 de maio.
Após este novo adiamento, Sampaio constituiu um novo advogado, Silva Neto, que entrou com pedidos no TJ e no STJ para rever a pena do cliente e pediu ao Conselho Nacional de Justiça que investigasse o juiz Lourival, e que o Conselho Nacional do Ministério Público investigue a conduta dos três promotores que atuam no caso.
Em nota conjunta, divulgada em março deste ano, entidades defensoras da liberdade de imprensa exigiram justiça pelo assassinato de Valério Luiz. As organizações afirmaram que “violações contra comunicadores representam violações ao direito fundamental e humano à liberdade de expressão; e a impunidade, nesse sentido, figura como meio de silenciamento”. Assinam a nota Artigo 19, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação Profissão Jornalista – APJor, Instituto Vladimir Herzog, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores e Repórteres Sem Fronteiras.