Para conscientizar a população sobre os horrores da ditadura civil-militar e reagir ao autoritarismo que ameaça a democracia brasileira, o Instituto Vladimir Herzog lançou nesta quinta-feira (22/9) o podcast Ecos da Ditadura.

A produção traz relatos históricos e emocionantes de vítimas do regime, com o objetivo que suas memórias sejam preservadas, e garantidas a verdade e a justiça sobre esse período sombrio da história do Brasil.

No episódio de estreia, o jornalista Sérgio Gomes, diretor da Oboré Projetos Especiais, traz detalhes do movimento de resistência e da repressão que sentiu na pele durante os meses em que esteve preso.

Serjão, como é mais conhecido, é formado pela Universidade de São Paulo (USP) e foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no movimento estudantil. Ele foi preso pelo regime militar em 1975, quando ia para o Rio de Janeiro com o economista Waldir Quadros para se encontrar com João Guilherme Vargas Neto, ex-estudante de Filosofia e dirigente político ligado ao PCB, que vivia na clandestinidade.

O intuito era levar dinheiro a Vargas Neto e trocar informações para a realização de um seminário em São Paulo sobre o acordo nuclear Brasil-Alemanha. O encontro não aconteceu porque Gomes e Quadros foram interceptados por agentes da ditadura. Eles foram levados para o quartel da Polícia do Exército, onde funcionava a sede carioca do DOI-Codi. Lá, foram duramente torturados. Gomes chegou a ficar pendurado de cabeça para baixo no pau de arara.

No dia seguinte, foram mandados para São Paulo. Ambos permaneceram presos no DOI-Codi da rua Tutóia, onde sofreram torturas por mais vinte dias. Estavam no mesmo período e no mesmo local onde Vladimir Herzog foi assassinado. Com a repercussão do caso Herzog, o DOI-Codi foi esvaziado. Gomes foi levado para a sede paulista do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde foi oficialmente declarado preso e enquadrado na Lei de Segurança Nacional. Lá, permaneceu por mais três semanas.

O podcast aborda temas sensíveis e não é recomendado para menores de 18 anos ou pessoas que sofreram violência física e/ou psicológica. A coordenação de Comunicação é de Raquel Melo, com produção de Lucas Barbosa, apoio da agência BETC Havas e produção de áudio da Evil Twin. Confira em https://anchor.fm/ecos-da-ditadura.

(* Com informações do Memórias da Ditadura)

0 0 votes
Article Rating
Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments