Por Luciana Gurgel, editora executiva (*)

O MediaTalks, braço internacional do J&Cia, produziu um Especial sobre os impactos da COP28, que acaba de ser encerrada nesta quarta-feira (13/12). Ele apresenta um balanço da conferência e aborda como foi a repercussão em países como Estados Unidos, Reino Unido, Suécia, Itália e Argentina, graças à participação mais do que inestimável dos correspondentes Claudia Wallin, Eloá Orazem, Fernanda Massarotto, Márcia Carmo, Luciana Gurgel e Aldo de Luca. A edição tem apoio de GM, Banco BV, Suzano, Cummins, Anglo American, Itaú, GBR, BCW / Máquina, BRF e TekBond.

Entre os temas abordados estão os rumos do ativismo ambiental, a preferência cada vez maior dos funcionários em trabalhar para empresas preocupadas com o clima, o chamamento do Papa à “conversão ecológica”, o discurso do Rei Charles III pedindo transformações que são difíceis de acontecer em seu próprio reino, a ciência da atribuição que demonstra a conexão entre os eventos extremos e as mudanças climáticas.

Também são debatidos o preocupante movimento contra a avaliação das práticas de ESG, a necessidade de apoio às pequenas empresas na elaboração de relatórios de sustentabilidade para que elas possam saber o que fazer para mudar o quadro e o papel que se espera das grandes corporações e dos governos nesse grande esforço.

Tudo isso apoiado por pesquisas, como a da Universidade de Yale, que mostrou que os brasileiros estão entre os que mais se preocupam com os danos das mudanças climáticas às gerações futuras e entre os que mais acham que o tema deve ser uma prioridade do governo. O dado mais preocupante do estudo é o de que quatro em cada dez dos entrevistados nem conhecem o termo “mudanças climáticas”.

A conscientização, portanto, continua a ser essencial nesse esforço global, dependendo cada vez mais do papel decisivo de jornalistas, comunicadores corporativos, organizações de mídia, influenciadores das redes sociais, ONGs, celebridades, autoridades e lideranças governamentais.

Mas as dificuldades para a ação do jornalismo ambiental persistem. Outra pesquisa apresentada no Especial aponta as barreiras para a cobertura ambiental na América Latina. Também é abordado um estudo apresentado na COP27 mostrando que 62% das 229 notícias ambientais latino-americanas pesquisadas tinham sido distribuídas por uma agência de notícias europeia.

Nesse sentido, é valioso um artigo do Especial escrito por Marina Amaral, cofundadora da Agência Pública. Do tempo em que os jornalistas que reportavam a Amazônia eram descritos pelos grandes jornais como aqueles que tinham se embrenhado no “Brasil profundo”, Marina exalta a importância do advento da mídia digital para colocar os problemas ambientais na pauta do País.

De Londres, Yula Rocha destaca o uso das manifestações culturais como instrumento de conscientização na luta contra as mudanças climáticas, que foi um legado deixado pela COP28. A ideia é usar a emoção de quem consome cultura para refletir sobre a causa, agir e cobrar ações, fazendo com que as manifestações artísticas ligadas à causa atuem como ferramenta de transformação das mentes.

Duas entrevistas publicadas no Especial discutem o tom correto para abordar o tema. De um lado, a diplomata costarriquenha Christiana Figueres, aclamada como arquiteta do Acordo de Paris, pede maior equilíbrio entre a indignação e o otimismo. Do outro lado, Erika Bjerström, uma das principais jornalistas ambientais da Suécia, diz que não é papel da imprensa manter a audiência de bom humor de maneira falsa.

Nesse cenário, o Especial mostra o poder do caminho do meio, representado pela rede SJN (Solutions Journalism Network). O jornalismo de soluções aborda temas como as mudanças climáticas mostrando sua gravidade, junto com exemplos de respostas ao problema, e o que se aprendeu com sucessos e fracassos.

Outro esforço importante é o da CCN (Covering Climate Now), da qual o MediaTalks faz parte, que compartilha pela rede as matérias produzidas por seus membros, de maneira a alcançar um impacto global para o conteúdo produzido em cada país.

O cenário é complexo, os desafios são muitos, mas boas iniciativas estão em andamento. O Especial busca mostrar caminhos para os profissionais, veículos e empresas que queiram se engajar nesse esforço. Vale a leitura!

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