Além de garantir a primeira colocação entre os +Premiados Jornalistas do Ano para a repórter fotográfica Marcia Foletto, a série Mutilados, de O Globo, também se destacou como a +Premiada Reportagem do Ano. Ao todo, foram quatro troféus: três de Fotografia, nos prêmios Vladimir Herzog, SIP e Direitos Humanos de Jornalismo, sendo que neste último a série também foi reconhecida com o troféu na categoria Reportagem.

A série foi produzida em conjunto com os repórteres Felipe Grinberg e Rafael Galdo que, para mostrar o tamanho do impacto de armas de fogo na vida de sobreviventes da violência na cidade do Rio de Janeiro, se debruçaram durante cinco meses sobre um emaranhado de sete mil páginas de documentos e dados obtidos por meio de mais de 50 pedidos de Lei de Acesso à Informação (LAI).

Também foram entrevistadas cerca de 40 pessoas, em 18 horas de gravações, e acompanhada a rotina de plantões da madrugada em centros de trauma de hospitais. A reportagem leva à constatação de que ser vítima e sobreviver pode ser um milagre num estado em que fuzis − uma arma de guerra − são usados até para assaltar pedestres.

“Foi um desafio tratar esse assunto de uma forma sensível e estabelecer uma relação de confiança com as pessoas fotografadas”, explicou Foletto em uma reportagem publicada por O Globo sobre o especial. “Quando você é escalado para uma reportagem especial, isso é uma espécie de prêmio. As pessoas compartilham suas histórias com a gente. E é muito difícil ficar insensível. Aquilo ocupa um lugar na gente. Aquilo marca a gente. E essas pessoas, especificamente, me marcaram muito. Elas podem não saber ou se dar conta, mas elas vão modificando a gente como jornalista”.

Além do excelente trabalho de apuração e edição da reportagem, a série conta com um apelo visual muito forte, e ao mesmo tempo extremamente sensível, ao mostrar o cotidiano das vítimas.

“Busquei fazer esse trabalho por dois caminhos: o primeiro, com retrato das pessoas posando para a câmera; o outro, mostrando a rotina delas, suas atividades do dia a dia. Incrível como a cor vermelha, em muitos dos casos, me perseguia. O vermelho remete ao sangue, à ferida, à dor. E eu achei que isso deu um impacto em algumas das fotografias”, conclui a jornalista.

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