Em meio a perseguições e censura do governo contra a imprensa na Venezuela, jornalistas locais passaram a usar avatares gerados por inteligência artificial como meio de continuar noticiando os acontecimentos no país de forma segura. A iniciativa, chamada Operación Retuit, reúne mais de 100 jornalistas de 20 organizações independentes, que trabalham em conjunto para garantir a divulgação das informações.
Por trás dos apresentadores, nominados como El Pana e La Chama, a equipe de profissionais traz informações reais e verificadas. Criado pelas alianças informativas Venezuela Vota e La Hora de Venezuela, da plataforma Connectas, o noticiário já conta com 12 episódios. No primeiro, eles denunciam que mais de 1.400 pessoas foram presas e 23 mortes ocorreram por contestarem os resultados da eleição; entre os detidos, 129 são adolescentes.
📢 ¡Ya está aquí el primer episodio de Operación Retuit! 📲
🎥 En esta entrega hablamos sobre las cifras reales de detenidos tras las elecciones del #28J y cómo esta crisis política podría impactar la economía en 🇻🇪.
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— CONNECTAS (@ConnectasOrg) August 14, 2024
Em entrevista à LatAm Journalism Review (LJR), Carlos Eduardo Huertas, diretor da Connectas e porta-voz da iniciativa, afirmou que adotou avatares para evitar a exposição dos comunicadores, que preferem permanecer anônimos enquanto a situação no país não se estabiliza: “Estamos diante de um uso inteligente e estratégico da IA. Não é uma questão de moda ou acessório”.
Huertas explicou que o projeto busca “hackear o cerco informativo” imposto pelo governo de Nicolás Maduro, que suspendeu temporariamente a rede social X (ex-Twitter) e ameaçou bloquear o WhatsApp. A série de vídeos é publicada de segunda a sexta-feira em vários canais para garantir a circulação da informação.