O apresentador José Luiz Datena, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB, agrediu o também candidato e coach Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeirada durante debate realizado pela TV Cultura no último domingo (15/9). O jornalista foi expulso após a agressão. O episódio fez o diretor Leão Serva, mediador do debate, agir rapidamente para conter a situação.
Serva tentou impedir Datena de cometer a agressão e chamou os intervalos comerciais. Após longo tempo, declarou que Datena havia sido expulso por descumprir regras, não apenas pela agressão, mas também por ter utilizado palavras de baixo calão. Já Marçal deixou o debate para ir ao hospital.
“Vivemos agora nesse intervalo forçado um dos eventos mais absurdos da história da televisão brasileira, certamente dos debates”, declarou Serva. “A decisão da televisão foi expulsar Datena, conforme estava previsto no regulamento assinado e aceito por todos, porque ele cometeu três falhas graves sucessivas: o uso de palavras de baixo calão em duas ocasiões, e posteriormente a agressão física. (…) Eu peço desculpas em nome da TV Cultura e de todo o mundo da televisão que viu hoje uma cena tão absurda”.
Após o debate, em entrevista para o programa De Olho no Voto, da própria TV Cultura, Serva comentou o ocorrido: “Não imaginávamos que, com todas essas regras, isso pudesse acontecer. Muito lamentável que tenha ocorrido. Certamente, uma das cenas mais desagradáveis da história da TV Brasileira”.
A postura e a condução do problema por parte de Serva foram elogiadas nas redes sociais pela agilidade do jornalista em conter a crise e por se tratar de uma situação de emergência. Porém, não foi uma unanimidade. Outros criticaram o fato de ele ter chamado os comerciais logo após a agressão e cortado o vídeo da transmissão em um momento que seria de grande importância para o jornalismo, para falar sobre uma situação que ficará marcada na história dos debates eleitorais.
Vale lembrar que esta não foi a primeira vez que Serva agiu para conter uma situação de crise. Em 2022, durante debate entre candidatos ao Governo de São Paulo promovido pela TV Cultura, ele defendeu a jornalista Vera Magalhães após ela ter sido agredida verbalmente. Na ocasião, o então deputado estadual Douglas Garcia filmou o rosto de Vera, chamando-a de “vergonha para o jornalismo brasileiro”. Serva, percebendo a situação, pegou o celular da mão de Garcia e o arremessou para longe. Foi a primeira vez que um dirigente da TV brasileira rebelou-se fisicamente para impedir um ataque contra um de seus jornalistas.
Leão Serva atua hoje como diretor Internacional de Jornalismo da TV Cultura e correspondente do canal em Londres. É também professor de Ética Jornalística. Antes da Cultura, trabalhou em Folha de S.Paulo, Diário de S.Paulo, portal iG e revista Placar.