Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de J&Cia no Rio de Janeiro

Um grupo de empresários da comunicação negocia o relançamento da TV Tupi, possivelmente no primeiro semestre de 2025. Os responsáveis não se identificam sob o pretexto de a operação ser sigilosa. Tão sigilosa que eles foram fontes de Na telinha do UOL, e do site Seu crédito digital, entre outros. Não é coincidência que a divulgação se dê justamente na data de fundação da Tupi, como um teaser.

Inaugurada por Assis Chateaubriand em 18 de setembro de 1950, foi a primeira emissora brasileira, e se manteve no ar até 1980. Chamada A Pioneira, inventou a telenovela, exibida em capítulos como um folhetim. Fizeram história os programas Sítio do Picapau Amarelo, O céu é o limite, Os Trapalhões e o Repórter Esso. A marca faz parte das mídias dos Diários Associados, que incluem os jornais Correio Braziliense e Estado de Minas, e a rádio Tupi no Rio. Nos antigos estúdios da Tupi em São Paulo, no Sumaré, funciona hoje o canal ESPN Brasil.

Assis Chateaubriand inaugura a TV Tupi em 18/9/1950

A ideia de relançar a Tupi vem embasada em números do Kantar Ibope, que apontam o grupo demográfico com mais de 50 anos como dominante na audiência atual da TV aberta. Esse nicho pode ser explorado, resgatando a memória afetiva da antiga emissora. Sendo assim, a nova Tupi só teria programas para os mais velhos, descartando a programação para os jovens.

O processo avança. Houve contatos com um estúdio em São Paulo para gerar programação 24 horas, e com um teatro reformado há pouco para sediar programas de auditório com transmissão ao vivo. Inicialmente, a grade de programação da nova Tupi seria transmitida no YouTube, permitindo um alcance digital imediato. A etapa seguinte seria colocar a rede à disposição de retransmissoras independentes do País, que foram procuradas e demostraram insatisfação com a programação atual.

Pode soar estranho que, quando o meio TV se volta para o streaming, e os canais abertos sofrem com a falta de audiência e publicidade, alguém ainda queira relançar uma TV aberta. Comenta-se no mercado um paralelo com a tentativa frustrada de reviver o Jornal do Brasil em papel. Porém, não é demais lembrar que a Record ressuscitou e deu certo.

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