Por Assis Ângelo

A história de O Mundo Resplandecente, da pioneira Margaret Cavendish, se passa no Polo Norte.

No Polo Norte também Mary E. Bradley ambientou seu romance Mizora. Lá tem um lugar fantástico, Mizora. Nesse lugar, governado por mulheres, não há crime, não há violência, não há miséria, só coisa boa. Não, não, tem uma coisa péssima: racismo e quanto aos homens que aparecem na história estão condenados à morte, como faziam as amazonas da mitologia grega.

O francês Júlio Verne (1828-1905) passeou pelo universo até se cansar. Foi também até as profundezas do mar. São dele as obras Viagem ao Centro da Terra (1864), Da Terra à Lua (1865) e Vinte Mil Léguas Submarinas (1870). Futurista.

O Futurismo se acha brilhantemente em muitos títulos. É possível que a alemã Thea von Harbou (1888-1954) tenha sido a primeira mulher a roteirizar histórias do tipo feitas por Verne.

Em 1925, Harbou desenvolveu uma história curiosíssima intitulada Metrópolis.

Metrópolis é um mundo dividido, como hoje, em duas partes: o pobre e o rico. O pobre robotizado e o rico livre para fazer tudo que lhe dá na telha. No enredo tem um cara que criou tal mundo: Joh Fredersen. É o chefão. Manda em tudo, na vida e na morte. O filho de Joh, Freder, finda por apaixonar-se por uma certa Maria. Lá pras tantas é dito que “da compreensão surge o amor”.

 

“Pai! Ajude os homens que vivem em suas máquinas!”

“Eu não posso ajudá-los”, disse o cérebro de Metrópolis. “Ninguém pode ajudá-los. Eles estão onde deveriam estar. Eles são o que deveriam ser. Eles não servem para mais nada, ou nada diferente.”

 

Joh Fredersen acaba nos braços da mãe.

O livro foi publicado em 1925 e dois anos depois ganhou versão cinematográfica feita pela autora.

Ah! Sim: o enredo todo se passa no ano de 2026.

É também de Thea von Harbou a história de um grupo de humanos que voa num foguete em busca de ouro na lua. A ganância provoca brigas e mortes entre os humanos. Sobram, no fim, um homem e uma mulher. Título: Mulher na Lua.

Histórias, inventadas ou não, com sexo, prazer e amor ainda se multiplicam em todo canto. A França tem sido um dos berços de grandes autores até há pouco proibidos, como Charles-Pierre Baudelaire (1821-1867), autor do clássico As Flores do Mal.

A vida de Baudelaire foi muito agitada, com álcool, drogas e paixões devassas. Era rebelde ao extremo e não perdoava a mãe, Caroline, por ter se casado novamente após a morte do pai, Joseph. Morreu com 46 anos de idade.

Outro rebelde na história da literatura francesa foi Voltaire, que viveu o tempo todo cutucando onça com vara curta. Muitos o classificavam de irresponsável e maldito. Bebia, jogava e traficava horrores. Ainda hoje há quem o chame de feladaputa. Fazia qualquer negócio. Porém, há sempre um porém em toda história: Voltaire era a favor da liberdade de expressão, da liberdade religiosa e da liberdade política. Pois, pois.

Esse francês, que morreu com 83 anos de idade em 1778, deixou uma obra formada por poemas, romances, peças de teatro e tal.

Como Sade, cumpriu temporada na Bastilha.

Machado de Assis (olha ele de novo!) adorava tudo ou quase tudo que Voltaire escreveu. A sua doce ironia, há quem diz que vinha da sua grande admiração pelo francês autor de Cândido − Ou o Otimismo.

E o que dizer da paulista de Mococa Ercília Nogueira Cobra?

Em 1924, Ercília escreveu o livro Virgindade Inútil, novela de uma rebelde. Essa obra foi publicada pelo criativo e exigente escritor Monteiro Lobato, que era dono de uma editora na capital paulista. O governo não gostou e mandou trogloditas tirarem o livro de circulação.

De Ercília é também o livro Virgindade Anti-Higiênica.

No decorrer do tempo em que viveu, Ercília foi presa uma vez em São Paulo, outra vez no Rio de Janeiro e mais duas, no Paraná e Rio Grande do Sul. Era acusada de tudo que não presta. Chamavam-na de prostituta, pornográfica, subversiva e de cafetina. Apanhou muito. Foi torturada e numa ou duas ocasiões obrigada a depor à autoridade policial totalmente nua.

Conta a história que numa de suas prisões viu-se cara a cara com um delegado de polícia. Ele perguntava em português e ela, de repente, passou a responder em bom francês. O delegado riu e a encarou debochando nessa mesma língua. Ante tal situação e clima, Ercília mandou ver em alemão. Agora, irritado, o delegado a mandou aos gritos à cela.

Não se sabe direito até hoje quando Ercília Cobra morreu. E do quê.

Ah!, sim: Talvez com o propósito único de vingar-se da sociedade hipócrita, Ercília montou um bordel e o encheu de mulheres corajosas com ela. Isso ocorreu em Caxias (RS).


Reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

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