Por Álvaro Bufarah

Nascido nos anos 1950, anos dourados do rádio e sua publicidade, Washington Olivetto sempre prestigiou o meio e seus profissionais em campanhas icônicas. Ele sabia que o poder da rádio estava na sua simplicidade e rapidez, e era capaz de transformar essas qualidades em saborosas histórias criativas.

Olivetto, com sua criatividade e visão, transformou a rádio em um aliado fundamental para a publicidade, e essa parceria rendeu momentos icônicos, como o célebre “Homem Bombril”, cujas versões adaptadas para a rádio conquistaram as mesmas gargalhadas que os comerciais de TV. Para ele, o poder da rádio reside na capacidade de evocar imagens e emoções através da palavra, sem depender do visual. “O rádio faz a pessoa sonhar”, dizia ele, reforçando sua opinião de que uma publicidade bem-feita no rádio era capaz de criar mundos inteiros na imaginação do ouvinte.

Além de sua maestria em criar peças publicitárias, Olivetto era um ouvinte fiel de rádio. Ele costumava citar as manhãs em que ouvia programas matinais e rádios de notícias como fonte de informação e inspiração. Em uma de suas últimas entrevistas, comentou que a digitalização do rádio, com o surgimento de podcasts e plataformas de streaming, não alterou sua força. “O rádio é imbatível na companhia que oferece”, afirmou. Era como se ele estivesse falando sobre um amigo próximo, que, apesar das mudanças ao longo dos anos, manteve sua essência e caráter.

Ao pensar na trajetória de Washington Olivetto e sua relação com o rádio é impossível não destacar a paixão que ele nutria por esse meio, algo que permeou toda a sua carreira. Seu uso criativo e inovador do rádio trouxe uma dimensão nova para a publicidade brasileira, tirando proveito de sua capacidade de falar diretamente com o ouvinte, como se o comercial fosse uma conversa íntima, uma troca de confidências. Essa maestria em contar histórias, aliada ao seu entendimento profundo da cultura popular, transformou suas peças em referência para as outras gerações.

O legado de Washington Olivetto no rádio é um testemunho de sua visão inigualável, seu amor pelas palavras e sua compreensão do poder da comunicação. Ao longo de sua carreira, ele fez mais do que criar campanhas de sucesso − redefiniu a maneira como o rádio poderia ser utilizado como ferramenta de engajamento e conexão com o público. A simplicidade e a intimidade do rádio sempre fascinaram Olivetto, que enxergava nesse meio uma capacidade de tocar as pessoas de maneira pessoal, única, transformando mensagens comerciais em verdadeiras conversas.

Mesmo diante de grandes transformações no mundo da comunicação, Olivetto manteve-se fiel ao potencial do rádio. Ele nunca o viu como uma plataforma menor ou ultrapassada, mas como um meio poderoso, capaz de criar vínculos emocionais profundos. Suas campanhas publicitárias, muitas vezes, vão além da venda de produtos; elas envolvem o público com narrativas acessíveis, envolventes e, acima de tudo, humanas − algo que o rádio, em sua essência, sempre representou para ele.

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.


Álvaro Bufarah

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

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