Por Assis Ângelo

O assunto é interessante.

Essa coisa de submissão vem de longe, de muito longe. Não foram poucos os poetas e romancistas que tomaram isso como tema para suas histórias.

Lá atrás, bem atrás, Dostoiévski também não resistiu em pegar e desenvolver essa temática.

O personagem que o grande escritor russo desenvolve no conto ou sei lá o quê A submissa, de 1876, é jovem, loira, magrinha. Idade: 16 anos. E ele, o personagem masculino: 41. Não demora, a menina e o homem tornam-se praticamente um só.

Um dia, o fulano chega em casa e depara-se com uma atabalhoada e chocante cena: sua amada se suicidara.

A história segue com o narrador, em primeira pessoa, procurando entender o comportamento feminino. Ele: “(…) Eu sabia que uma mulher, ainda por cima de dezesseis anos, não podia evitar tornar-se absolutamente submissa ao homem. Nas mulheres não há originalidade, é um axioma, mesmo hoje, para mim, isto é um axioma! O que importa que esteja agora na sala, em cima da mesa? (…)”.

Submissão, mais das vezes, pode ser classificada como masoquismo. Assim, simplesmente.

Como se vê, nem Dostoiévski deixou de criar personagens machistas, preconceituosos.

Outro dia ouvi um livro sobre mulher e homem.

Esse livro a que me refiro tem como título O profano feminino, de um cara intelectualmente inclassificável chamado Nessahan Alita. É doido, completamente fora da cidadania.

No livro, ele chega ao ponto de escrever o seguinte: “(…) Escondem que as deliciosas fêmeas desenvolveram sofisticadas artimanhas para nos burlarem e não nos entregarem seus tesouros (o sexo, o carinho e o amor). Na verdade, o que se passa é exatamente o oposto do que pregam esse(a)s idiotas: as fêmeas é que são indiferentes e não gostam muito de homens, enquanto nós, os machos, as desejamos, queremos e amamos desesperadamente (…)”.

Inacreditável, não é mesmo?

No livro O homem domado, no original alemão Der Dressierte Mann, de Esther Villar, lê-se muita coisa curiosa a respeito do homem. Esse livro, lançado em 1971, tem como conteúdo narrativo uma história diferente da contada pelo inescrupuloso Alita.

Lamentável tudo que se lê de pessoas masculinas que detestam as figuras femininas, mulheres…

Esther diz, lá pras tantas: “Os homens foram treinados e condicionados pelas mulheres, assim como Pavlov condicionou seus cães, para se transformarem em seus escravos. Como compensação por seus trabalhos, podem usar periodicamente suas vaginas”.

Esther Villar é o pseudônimo da argentina Esther Margareta Katzen.

Não há perfeição no homem nem na mulher.

Homem mente, mulher mente.

No comportamento homem/mulher somos todos desiguais.

Essa história de desigualdade se acha no real e na fantasia, desde todos os tempos.

E as histórias como essa se multiplicam em línguas as mais diversas. Até porque o coração é igual em qualquer peito.

Tudo indica que nascemos para não nos salvar.

No conto O burguês e o crime, Carlos Heitor Cony conta a história de um sujeito que trama praticar um crime perfeito. Mata a mulher e o amante e do amante da mulher ele herda empresas. Fica rico, sem problemas aparentes. As vítimas do burguês sucumbem envenenadas.

Fantasia ou real?

Pois é, assim simples: alguém flagra alguém…

O adultério entre homens e mulheres é uma realidade em todo o canto.

Lygia Fagundes Telles, no conto O moço do saxofone, fala de um saxofonista que mora numa pensão em quarto separado da mulher. Ela o trai o tempo todo com homens de todo tipo. Lá pras tantas aparece um caminhoneiro…

Grande Lygia!

Essa história de adultério é tão nova quanto o pensar de ontem.

E tudo é tão simples: um homem gosta de uma mulher e uma mulher gosta de um homem.

Pelo sinal da cruz, representando a Igreja Católica, o homem e a mulher viverão para sempre… até que a morte…

Porém… sempre há um porém: o homem, em determinado momento, cansa da mulher e a ela nada diz. O mesmo pode acontecer com ela. E aí temos o adultério de um lado e outro.


Reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

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