São preocupantes as estatísticas de casos de assédio moral, machismo e racismo revelados na pesquisa Desigualdade de gênero no jornalismo, feita em todo o País pelo Sindicato dos Jornalistas do DF.
Das 535 jornalistas entrevistadas, 417 (77,9%) disseram ter sofrido algum tipo de assédio moral por parte de colegas ou de chefes diretos. Um número maior ainda, 78,5%, afirmam que já enfrentaram algum tipo de atitude machista durante entrevistas. E mais de 70% delas disseram que já deixaram de ser designadas para uma pauta pelo fato de serem mulheres.
A pesquisa aponta que 61,5% das jornalistas já vivenciaram situações em que, apesar de exercerem a mesma função de colegas homens, receberam salários menores do que os deles. Os dados confirmam as estatísticas reveladas na pesquisa Perfil do Jornalista Brasileiro, segundo as quais as mulheres são a maioria nas redações (64%) mas ainda recebem salários menores do que os seus colegas homens e não ascendem aos postos de comando.
O estudo também revela a falta de representação das mulheres negras dentro da profissão. Quando perguntadas se acreditavam que essas jornalistas têm menos oportunidade, 86,4% das profissionais responderam afirmativamente. A maior incidência de respostas foi de profissionais de São Paulo e do Distrito Federal, totalizando mais de 300 mulheres nessas duas regiões.
Boa parte das profissionais se identificaram como redatoras e mais de 200, simplesmente jornalistas. Cerca de 80 exercem cargos de chefia e mais de 100 trabalham em assessorias de imprensa. A pesquisa foi lançada em 8/3, como parte do Coletivo de Mulheres Jornalistas, no Dia Internacional da Mulher. Foram entrevistadas mulheres de vários estados, entre março e maio, por meio de questionário na internet.