A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo premiou na última semana, durante a 11ª edição de seu Congresso Internacional, dois dos mais experientes e respeitados jornalistas do Brasil: Elvira Lobato e Alberto Dines. Repórter há 40 anos, a mineira Elvira foi homenageada pelo Conjunto da Obra, reconhecimento que existe desde a primeira edição do Congresso, em 2005, e que já contemplou profissionais como José Hamilton Ribeiro, Joel Silveira, Lúcio Flávio Pinto, Paulo Totti, Dorrit Harazim, Rosental Calmon Alves, Jânio de Freitas, Marcos Sá Corrêa, Tim Lopes, Elio Gaspari e Clóvis Rossi. Em seu discurso, Elvira ressaltou a importância de continuar acreditando no Jornalismo e criticou aqueles que anunciam o fim da profissão: “Em meu primeiro dia como estudante de Jornalismo, em Belo Horizonte, um dos meus professores já fazia a mesma previsão e lá se vão mais de 40 anos. Devemos acreditar, porque ninguém tem o direito de destruir nossos sonhos”. Ela destacou ainda a situação dos repórteres da Gazeta do Povo que estão sofrendo uma série de processos no Paraná, depois de terem publicado uma série de reportagens sobre os altos salários de magistrados no Estado. Classificou o ato como “covarde” e comparou o caso ao que viveu em 2008, quando foi alvo de 116 processos movidos por fiéis da Igreja Universal, após reportagem em que expôs o poderio econômico da instituição. No final, Elvira venceu todas as ações, mas o desgaste acabou colaborando para a decisão de se aposentar, em 2011. Já o reconhecimento para Dines, vencedor do Prêmio Abraji de Contribuição ao Jornalismo, deve-se aos 20 anos à frente do Observatório da Imprensa. Essa categoria foi criada em 2014 para destacar pessoas e instituições cujo trabalho presta auxílio relevante ao jornalismo brasileiro. Em sua primeira edição, foi entregue ao economista Gil Castelo Branco, pelo trabalho à frente da Associação Contas Abertas, e em 2015, ao então diretor-executivo da Transparência Brasil Claudio Weber Abramo. Com problemas de saúde, Dines foi representado por sua esposa Norma Couri, que leu uma carta de agradecimento aos presentes, onde ressaltou: “Todo jornalismo é investigativo, ou não é jornalismo. O que sobra da mídia diária é o que o leitor busca nas entrelinhas. Estamos produzindo um público incapaz de questionar, midiotas, distraídos”.