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domingo, novembro 24, 2024

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Morre Geneton Moraes Neto, o entrevistador que produzia memória

Geneton Moraes Neto morreu na segunda-feira (22/8), no Rio de Janeiro, aos 60 anos. Ele estava internado desde maio, após sofrer um aneurisma na aorta. Deixa a viúva Elizabeth, os filhos Joana, Clara e Daniel, e quatro netos. O velório será nesta quarta-feira (24/8), das 8h às 13h, no Memorial do Carmo, no Cemitério do Caju. Geneton nasceu em Recife e começou aos 16 anos no Diário de Pernambuco, alternando-se entre os estudos e o trabalho, até se formar em Jornalismo na Unicap (Universidade Católica de Pernambuco). Foi depois para a sucursal de O Estado de S.Paulo, em que esteve por cinco anos, até decidir morar em Paris. Cursou seminários na Sorbonne e uma pós-graduação em cinema. Para se manter, trabalhou como camareiro, porteiro e motorista, enviando matérias eventualmente para o Jornal do Commercio e o Diário de Pernambuco. De volta ao Brasil, em 1981, foi convidado para ser editor na Rede Globo em Recife. Na tevê, pôde pôr em prática o que aprendera sobre cinema. Três anos depois, foi morar em Londres e fez trabalhos como freelance para a Globo. Em 1985, voltou ao Brasil, agora para o Rio de Janeiro, e foi editor do RJ-TV, editor-executivo do Jornal da Globo e depois editor-chefe. Saiu da emissora, passou por TVE e Manchete, e voltou para a Europa. Entre Paris e Londres, em 1987, buscava temas para reportagens que interessassem aos jornais brasileiros. Uma entrevista com o escritor Rubem Fonseca, publicada no suplemento Ideias do JB, foi a primeira das muitas que o notabilizaram como entrevistador. Já no Brasil, sua longa entrevista com o poeta Carlos Drummond de Andrade seria mais tarde publicada na íntegra no livro Dossiê Drummond: a última entrevista do poeta. Mais uma vez na Globo, coordenou a criação do programa Pequenas Empresas, Grandes Negócios, passando depois a editor do Jornal Nacional, repórter especial do Fantástico, e editor do Jornal da Globo. E voltou à Europa pela terceira vez. Chefiou o escritório da Globo em Londres, com Ernesto Rodrigues, e foi correspondente do jornal O Globo. De volta, foi editor-chefe do Fantástico, com liberdade para produzir suas próprias matérias, além de fazer especiais para a Globo News. Desde 2009, passou a trabalhar exclusivamente para esse canal e apresentou, durante dez anos, o programa Dossiê Globo News. Uma entrevista polêmica com generais que ocuparam postos de comando durante o regime militar lhe rendeu o Prêmio Embratel de Telejornalismo de 2010. Em sua longa carreira, Geneton entrevistou seis presidentes da República, três astronautas que pisaram na Lua, dois prêmios Nobel da Paz, os dois militares que dispararam as bombas sobre Hiroshima e Nagasaki, a mais jovem passageira do Titanic e o assassino de Martin Luther King, entre muitos outros personagens históricos, lista o G1. “Todo profissional precisa de uma bandeira. Escolhi uma: fazer jornalismo é produzir memória. De certa forma, é o que me move”, afirmou em depoimento ao site Memória Globo. Escreveu 11 livros-reportagem, publicados ao longo de 30 anos. Alguns deles: Hitler/Stalin: o pacto maldito e Nitroglicerina pura, os dois em parceria com Joel Siveira; Dossiê 50: os onze jogadores revelam os segredos da maior tragédia do futebol brasileiro; Dossiê História: um repórter encontra personagens e testemunhas de grandes tragédias da história mundial; e Dossiê Gabeira. Em 2012, recebeu a Medalha João Ribeiro, concedida pela Academia Brasileira de Letras a pessoas que se destacam na cultura. Dirigiu documentários e longas-metragens, como Canções do exílio, com depoimentos de Caetano Veloso e Gilberto Gil sobre o período em que moraram em Londres, e Garrafas ao mar: a víbora manda lembranças, com base em sua convivência com Joel Silveira, entre outros filmes. Até abril deste ano, manteve o blog Dossiê geral no G1. A propósito de Joel, por ocasião da morte dele, em agosto de 2007, Geneton autorizou e J&Cia reproduziu na série Protagonistas da Imprensa Brasileira o registro de algumas das muitas conversas que por anos teve com “a víbora”. Vale conferir.

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