* Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro
Carnaval e futebol não seriam os mesmos sem as apaixonadas discussões entre torcedores. Mas, na atual temporada da cobertura do Carnaval, a discussão saiu das quadras das escolas e passou para o lado do jornalismo na internet.
Nesta época do ano, as escolas estão na etapa da escolha do samba enredo. E, consequentemente, os que respondem pela cobertura jornalística seguem essa pauta. As agremiações fazem festas e feijoadas, e os parceiros na composição chegam a gastar R$ 30 mil para promover um samba enredo – é preciso produzir um videoclip para mostrar o samba, e levar a torcida, arcando com transporte e alimentação.
Toda a divulgação se justifica porque o público, apesar de não decidir na escolha, tem uma enorme influência – como um termômetro da acolhida na arquibancada do dia do desfile.
Este ano apareceu uma novidade na divulgação: um site decidiu vender publieditoriais nas eliminatórias de sambas.
São pacotes, em mais de dez variações, com conteúdo jornalístico a ser veiculado no site com características editoriais, para as equipes de compositores que se dispuserem a comprar o espaço publicitário.
Comenta-se que houve uma comoção no mundo do samba: os compositores ficaram revoltados, entenderam a iniciativa como jabá e falta de isenção jornalística. Falam mesmo em “redescobrir a moral do samba”.
O dono do site, pouco preocupado com um eventual papel social do jornalismo, argumenta que já tem interessados dispostos a pagar. Vamos ver quem ganha essa briga.