A Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) veio a público nessa terça-feira (7/8) para manifestar seu descontentamento e desaprovação com a campanha veiculada pela agência 1927, do Grupo Ideal, oferecendo soluções em assessoria de imprensa de baixo custo, por entender que essa prática afeta a visão do mercado para um serviço que já tem sido aviltado pela própria transformação da mídia e baixa valorização da atividade.
A Ideal, associada à Abracom e que tomou conhecimento do teor da nota, reagiu de imediato, ratificando que, ao contrário do que afirma o comunicado, a plataforma desenvolvida pela agência – um modelo híbrido entre agência de comunicação e software house – serve para valorizar esse serviço. A seguir, o comunicado da Abracom, enviado por seu presidente executivo Carlos Carvalho, e na sequência a resposta da Ideal, por seu diretor Eduardo Vieira.
Comunicado Abracom
“Assessoria de imprensa é a palavra-chave que leva clientes de todos os segmentos econômicos à procura de uma agência de comunicação. Hoje, preferimos tratar esse serviço pelo nome de ‘relações com a mídia’, porque expressa melhor a amplitude e a complexidade de um trabalho que faz parte de uma atividade, a comunicação corporativa, que vai muito além da assessoria.
Lidamos com planejamento, pensamento estratégico e uma série de serviços que promovem diálogo, interação e relacionamento com todos os públicos de uma organização, não apenas a mídia.
Ao lançar a campanha dos combos de serviços da ‘1927’, a agência Ideal, associada Abracom, pecou em nomear essas ferramentas de relações públicas e assessoria de imprensa, afetando a visão do mercado para um serviço que já tem sido aviltado pela própria transformação da mídia e pela baixa valorização da atividade em tempos de crise.
É claro que algumas tarefas já são submetidas a processos tecnológicos, que operam por meio de robôs de busca e monitoramento, por exemplo. Além disso, ao afirmar que coloca ‘sua marca na mídia a partir de xxx reais’, o anúncio faz uma promessa indevida, uma vez que na tarefa específica de assessoria de imprensa os espaços são conquistados.
A Abracom entende que os formatos comerciais encontrados pelas agências para embalar seus produtos são legítimos. Mas não compartilha com o tom dado à campanha da 1927/Ideal, por entender que a comunicação desses produtos banaliza o trabalho estratégico de centenas de agências, de 15 mil profissionais que atuam em um mercado no qual – segundo pesquisa do Anuário da Comunicação Corporativa – 75% do faturamento vêm dos serviços de relações com a mídia, o que envolve treinamentos, ações de crise, trabalhos de grande complexidade em torno de divulgação de causas e zelo pela reputação das organizações.”
Resposta da Ideal
“Conforme o publicado em detalhes na edição deste Jornalistas&Cia da semana passada, reforçamos que a plataforma digital da 1927.ag, um modelo híbrido entre agência de comunicação e software house, não surgiu para desvalorizar ou banalizar a prática de assessoria de imprensa no mercado. Muito ao contrário: a plataforma serve justamente para valorizar esse serviço.
Uma das razões pelas quais os intermediadores de diversos serviços estão sendo questionados em praticamente todos os mercados é justamente por sua pertinência aos negócios dos segmentos onde atuam. Por consequência, o mesmo acontece com agências de comunicação de todas as naturezas, sejam de publicidade, digitais, de comunicação corporativa ou assessorias de imprensa. Quando elas ajudam a resolver os desafios de negócio de seus clientes, são valorizadas. Quando não conseguem fazer isso, caem na vala comum ao oferecer um serviço sem valor agregado, transformando-se em meros fornecedores demandados. No entendimento do Grupo Ideal, a transformação da mídia pela tecnologia é um acelerador desse fenômeno. E a boa utilização da tecnologia ajuda as agências a se tornarem mais estratégicas.
A automatização de processos repetitivos e redundantes é uma tendência inexorável no mundo todo. Ao entregar justamente isso, a 1927 ajuda a tirar uma carga desnecessária dos braços de seus profissionais para permitir que eles usem mais seu principal ativo: seus cérebros. Acreditamos que, ao focar nas habilidades que realmente importam na prática de comunicação (como relacionamento, planejamento, análise crítica, valorização de discursos autênticos e legítimos, entre outras), e não em atividades meramente mecânicas, seremos profissionais e agências sempre mais valorizados.”