A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) criticaram a ministra Damares Alves, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, por ter denunciado ao STF reportagem da revista AzMina sobre o aborto e todas as questões que envolvem o tema, principalmente em países onde a prática não é legalizada (como o Brasil). As entidades também repudiaram os ataques feitos às responsáveis pela reportagem.
Em nota, a Abraji afirma que “se solidariza com todas as jornalistas da AzMina e repudia o assédio digital de que são vítimas, e apela aos Ministérios Públicos Federal e paulista que não deem seguimento a eventuais representações criminais contra as profissionais e a revista, em cumprimento a seu papel de salvaguardar a liberdade de expressão”.
A Fenaj reiterou a importância da liberdade de expressão e de imprensa, colocando-se ao lado das jornalistas da revista AzMina e exigindo às autoridades públicas que “preservem os direitos constitucionais, garantindo aos jornalistas o direito ao livre exercício da profissão para o cumprimento do dever de informar, sem qualquer impedimento”.
Thais Folego, editora-chefe da revista, afirma que está confiante de que as jornalistas não cometeram crime e que estão “protegidas pela liberdade de imprensa de divulgar informações que já são públicas e de fonte confiável, como é a OMS”.
A reportagem, de 19/9, teve grande repercussão e chegou até Damares Alves, que classificou a publicação como “apologia ao crime e que pode colocar tantas meninas e mulheres em risco”. Ela encaminhou uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal, afirmando que a reportagem poderia incitar práticas clandestinas, pois apresenta “receitas de como praticar um aborto”.
Após a publicação da reportagem, as jornalistas da revista AzMina sofreram inúmeros ataques nas redes sociais e tiveram fotos, endereços e dados divulgados na internet por usuários contrários ao aborto.