A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Rede Voces del Sur lançaram a versão em português do Relatório Sombra 2023, que aborda a violência, impunidade e exílio que afetam a imprensa na América Latina. O lançamento ocorreu em 29/8, durante um debate ao vivo na plataforma X (ex-Twitter) Spaces, com a participação de Bia Barbosa (Repórteres Sem Fronteiras), Cristina Zahar (Comitê para a Proteção de Jornalistas) e Letícia Kleim (Abraji).

O relatório analisa temas como censura, narcotráfico, impunidade em crimes contra jornalistas e o aumento dos discursos estigmatizantes. Nele, é apontado que comunicadores e veículos de notícias tornam-se alvo do crime organizado por investigar e expor operações e atividades criminosas. Além disso, o narcotráfico frequentemente afeta a liberdade de imprensa, impondo restrições e limitando a atuação da mídia.

Bia Barbosa observou que a influência do crime organizado cresceu nas estatísticas de crimes contra jornalistas, especialmente no México, que, segundo dados da RSF, é o país mais letal para jornalistas fora de zonas de conflito. No Brasil, o crime organizado e o poder político local também são identificados como agressores da imprensa.

Cristina Zahar destacou que, nos últimos dez anos, o México registrou 23 assassinatos impunes de jornalistas, enquanto o Brasil teve 11. O relatório ressalta que a impunidade perpetua um ciclo de violência e autocensura, incentivando a ocorrência de novos casos.

A pesquisa também revelou que o discurso estigmatizante foi a segunda forma mais comum de atacar e silenciar a imprensa em 2023. Esse tipo de ataque, utilizado muitas vezes contra mulheres jornalistas, colabora para o silenciamento da liberdade de expressão, sobretudo no ambiente digital.

A versão em português do relatório pode ser conferida aqui.

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