A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou em 21/10 dados sobre a situação da liberdade de imprensa no Brasil. Foram registrados 102 alertas para discursos estigmatizantes, feitos somente por autoridades públicas, contra profissionais de imprensa no Brasil em 2020. Em 2019, o número foi de 59, o que caracteriza um aumento de 73%.
Vale destacar que só o presidente Jair Bolsonaro foi responsável por 72 dos 102 ataques registrados. Além disso, seus filhos foram responsáveis por 12 dos discursos estigmatizantes.
Ao todo, o relatório da Abraji reportou 275 casos, e os discursos estigmatizantes representam 37% deles. No ano passado, foram 130 alertas reportados, sendo 59 declarações que atacam os profissionais de imprensa. O estudo também leva em conta assassinatos, desaparecimentos forçados, sequestros, detenções arbitrárias, tortura, violações ao acesso à informação, ações judiciais contra mídia e jornalistas, quadros jurídicos fora dos padrões e abusos de poder estatal.
Para Leticia Kleim, assessora jurídica da Abraji, “essas declarações se apoiam em um tom de descredibilização, ofensa, intimidação e visam a desvalorização sistemática da imprensa como um todo”.
Marcelo Träsel, presidente da entidade, declarou que “o presidente Jair Bolsonaro abandonou as normas de interação entre o Planalto e os jornalistas válidas em Brasília desde o fim da ditadura militar, as quais garantiam um mínimo de civilidade e respeito entre as partes, mesmo nos períodos mais tensos. Infelizmente, muitos de seus ministros e apoiadores políticos vêm seguindo o exemplo e passaram a buscar a intimidação da imprensa. (…) É um comportamento inaceitável para qualquer mandatário ou servidor público, mas principalmente para o presidente da República”.