Na última semana, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) registrou novamente a brutalidade de ataques online contra colunistas, apresentadoras e repórteres mulheres durante o exercício da profissão. Apenas em 2021, o monitoramento de violações à liberdade de imprensa feito pela entidade registrou ao menos 15 casos de ameaças a jornalistas mulheres.
Os ataques virtuais incluem ameaças de agressões físicas, discursos estigmatizantes e campanhas sistemáticas de desprestígio realizadas pelas redes sociais, além de ofensas misóginas, comentários pejorativos e ameaças de morte. Muitas delas, inclusive, fecharam temporariamente seus perfis nas redes sociais. A Abraji conta que muitos casos chegam à entidade “com um pedido de socorro, acompanhado do medo de denunciar”.
Em texto assinado por Cristina Zahar (secretária-executiva), Letícia Kleim (monitora os casos de violência contra jornalistas) e Maria Esperidião (gerente executiva), a Abraji destaca que essa violência online contra jornalistas mulheres não ocorre apenas no Brasil, mas em escala global.
Segundo relatório recente da Unesco, produzido pelo Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), a violência virtual é a arma mais utilizada para intimidar o trabalho de jornalistas mulheres: nos 125 países analisados, sete em cada dez profissionais relataram ameaças do tipo (Leia mais em MediaTalks by J&Cia).
O texto cita como exemplos Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, que é alvo frequente de ataques nas redes; Basília Rodrigues, colunista política da CNN Brasil, que já foi vítima de gordofobia e racismo; Carla Vilhena, apresentadora do mesmo canal, que sofreu ameaças e tentativas de desmoralização após escrever sobre a CPI da Covid; Daniela Lima, também da CNN, intimidada e xingada depois de comentar sobre a operação policial no Jacarezinho; e Juliana Dal Piva, colunista do UOL, ameaçada de morte por ter mencionado o ex-ministro Eduardo Pazuello em um post.
Com apoio da Unesco, a Abraji está desenvolvendo um projeto para monitorar ataques específicos às jornalistas mulheres. A iniciativa deriva do monitoramento de ataques a jornalistas feito em parceria com a rede Voces Del Sur, que detecta violações à liberdade de imprensa em 13 países da América Latina.